UE termina com acordo de facilitação de vistos a cidadãos russos
31-08-2022 - 14:00
 • Ricardo Vieira

"Os vistos que são emitidos mantêm-se válidos, contudo, um visto não significa o direito automático de entrada”, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Termina acordo para facilitação de vistos a cidadãos russos na União Europeia (UE), mas não será imposta uma proibição total.

A decisão foi tomada esta quarta-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, numa reunião em Praga, na República Checa.

“Vamos terminar com o acordo de facilitação de vistos e isso vai levar a um grau de exigência muito maior e a um crivo mais apertado na verificação da documentação de quem viaja para a UE”, disse à RTP o ministro João Gomes Cravinho.

O chefe da diplomacia portuguesa explica que “os vistos que são emitidos mantêm-se válidos, contudo, um visto não significa o direito automático de entrada”.

“Ao verificar na fronteira qualquer país tem o direito a considerar que um potencial visitante pode constituir uma ameaça à segurança nacional e condicionar o acesso”, sublinha.

Os Estados-membros estão agora a ver como essa realidade pode ser posta em prática, nomeadamente em países que já têm um número muito elevado de cidadãos russos.

“Alguns cidadãos russos são bem intencionados, estão em fuga em relação ao regime de Putin, outros podem desenvolver trabalho que pode colocar em causa a segurança nacional desses países”, indicou João Gomes Cravinho.

Numa publicação nas redes sociais, o chefe da diplomacia da Hungria, Peter Szijjarto, frisou que o acordo de facilitação foi suspenso, mas não será imposta uma proibição total.

De acordo com Peter Szijjarto, a Hungria e outros Estados-membros da UE estão contra uma proibição total.

Antes da decisão da UE, a Rússia já tinha avisado que ia retaliar se a União Europeia decidisse suspender os vistos para cidadãos russos em resposta à ofensiva militar de Moscovo na Ucrânia.

"Pouco a pouco, Bruxelas e as capitais europeias mostram uma total falta de julgamento (...). Esta irracionalidade, que faz fronteira com a loucura, permite que tais medidas (sobre vistos) sejam debatidas", declarou o porta-voz do Kremlin.