Há novas regras nos apoios à compra de carros elétricos: a partir do próximo ano, o incentivo do Estado para quem quiser comprar um veículo elétrico vai ser mais reduzido. Tudo isto está relacionado com o novo programa de abate de veículos em fim de vida. O quê que uma coisa tem a ver com a outra? A Renascença explica.
A lógica é simples: o Governo decide aumentar o incentivo ao abate de veículos e, como o dinheiro não estica, reduz o teto máximo do apoio à compra de viaturas 100% elétricas.
Atualmente, esse incentivo à aquisição de carros elétricos é de quatro mil euros, sendo que o preço máximo da viatura a adquirir não pode ser superior a 62 mil e 500 euros. Pois bem, esse montante deverá cair no próximo ano.
Já se sabe para quanto?
Essa é uma parte que vai definida para o debate do Orçamento na especialidade. No entanto, em recentes declarações ao Jornal de Negócios, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, acrescenta que está a ser estudada a limitação de um número máximo de veículos que vão receber esse apoio por agregado familiar.
Tudo isto por causa do programa de abate a veículos com mais de 16 anos.
Quem é que pode beneficiar desta medida?
Proprietários de viaturas com matrícula anterior a 1 de julho de 2007 que pretendam adquirir um carro com emissões zero, lá está 100% elétricos (novos ou usados, até um máximo de quatro anos). Ou, então, quem compre um carro novo, a gasolina ou diesel, de emissões reduzidas.
E quantos carros anteriores a 2007 existem, nesta altura, em Portugal?
Cerca de três milhões. O cálculo é da ACAP (Associação de Comércio Automóvel), que alerta para o envelhecimento do parque automóvel. Em Portugal, a média de idades dos carros é de 13 anos.
O Governo estima que, só em 2024, 45 mil proprietários venham a beneficiar do incentivo ao abate de veículos em fim de vida.
Como reagem a esta medida?
Com contestação. E é importante sublinhar: o Orçamento para o próximo ano é uma proposta do Governo, não tem caráter definitivo e, por isso, está já a circular uma petição pública para tentar evitar que esta medida avance. Mais de 32 mil pessoas já assinaram este documento que contesta a subida do imposto de circulação para veículos com mais de 16 anos - uma subida que pode ir até aos 25 euros no próximo ano.
Um dos principais argumentos desta petição é o facto de a maioria dos proprietários de veículos registados antes de julho de 2007 pertencer a grupos sociais mais vulneráveis que, se tivessem outras condições financeiras, poderiam trocar de veículo regularmente.
Que alternativa defendem os promotores desta petição?
Defendem, no fundo, o fim da isenção do Imposto de Circulação para veículos elétricos.
Como assim?
O argumento é de que, na maior parte dos casos, os veículos elétricos - que são mais caros - são adquiridos por empresas e particulares com mais capacidade financeira. Logo, de acordo com o texto desta petição, seria mais justo e coerente acabar com a isenção do IUC para estas viaturas.