O município de Arouca, em parceria com o Centro de Interpretação Geológica de Canelas, ofereceu esta quarta-feira, em Paris, à UNESCO, um fóssil, assinalando assim a importância da Rede de Geoparques Mundiais apoiada por esta organização.
"Desde 2009 que integramos a Rede de Geoparques e foi debaixo desta marca que construímos toda uma estratégia de valorização e preservação que é realçar estes valores únicos, trabalhando-os do ponto de vista económico e educando para a sua conservação", disse a presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém.
A autarca e outras figuras ligadas a este geoparque português estiveram na sede da UNESCO, em Paris, onde entregaram o fóssil que permanecerá em exposição na entrada principal do edifício, pertencendo agora à coleção permanente desta instituição.
"Os humanos estão neste planeta há muito pouco tempo e isto devia lembrar-nos a nossa fragilidade, mas também devia lembrar-nos o quão urgente é agirmos para a sustentabilidade das nossas sociedades, tal como estes territórios com heranças geológicas de importância internacional já o fazem", referiu Shamila Nair-Bedouelle, Directora Geral Adjunta para as Ciências Exatas e Naturais, na cerimónia de entrega.
O Geoparque de Arouca foi inaugurado em dezembro de 2007 e envolve uma área de 327 quilómetros quadrados, abrangendo um total de 41 geo-sítios - termo técnico para os "sítios com interesse geológico" que, segundo a UNESCO, têm "particular importância pelo seu caráter científico, raridade, encanto estético ou valor educacional".
Este geoparque foi integrado na rede mundial em 2009 e tem como especificidades as trilobites e as pedras parideiras, consideradas únicas no Mundo.
"É um dos melhores exemplos que temos no Mundo devido ao excelente trabalho que tem sido feito em relação à conservação, preservação e promoção da herança geológica. Arouca não era um sítio tradicionalmente turística, mas devido ao reconhecimento desta herança começa a ser cada vez mais importante, as pessoas conhecem este sítio", disse Nickolas Zoukos, presidente da Global Geoparks Network, a associações internacional de geoparques.
Esta entrega simbólica serviu também para lembrar Manuel Valério, um dos maiores impulsionadores deste geoparque e fundador Centro de Interpretação Geológica de Canelas foi Manuel Valério, falecido há poucos dias.
"Foi uma forma de homenagear o Manuel Valério, que ao longo de todos estes anos, teve a capacidade de explorar uma pedreira de forma comercial, mas ao mesmo tempo preservar os fósseis que ia encontrando", referiu Margarida Belém.
A Rede Mundial de Geoparques inclui 169 espaços com herança geológica de relevância em 44 países diferentes, com um total de cinco em Portugal, o de Arouca, e ainda um nos Açores, na Serra da Estrela, em Terras de Cavaleiros e o geoparque NaturTejo, que engloba Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Rodão.