A produtividade hidroeléctrica em Outubro foi de 315 gigawatts por hora (GWh), um recuo de 58% face ao mesmo mês de 2016, segundo dados da REN, que mostram que foi o pior mês de Outubro desde que há registos (1971).
As condições hidrológicas mantêm-se extremamente negativas com o índice de produtibilidade hidroeléctrica deste mês reduzido a 0,16.
Esta situação deve-se à seca que Portugal atravessa, implicando mesmo que, pela primeira vez este ano, o saldo de trocas com o estrangeiro determinar que o país tenha sido importador em Outubro, com o abastecimento internacional a representar 9% do consumo.
Na produção eólica as condições foram também desfavoráveis com o índice de produtibilidade respectivo a situar-se em 0,74, que é o terceiro valor mais baixo para o mês de Outubro, dos registos da REN (desde 2001).
Ainda assim, a produção eólica subiu em termos homólogos 4% para 740 GWh em Outubro.
Já a produção solar avançou 14% para 66 GWh, enquanto a produção de biomassa baixou 3% para 223 GWh.
Com a produção hidroeléctrica muito reduzida, as fontes renováveis abasteceram apenas 30% do consumo de electricidade o valor mais baixo deste ano.
A produção não renovável abasteceu 61% com o gás natural a representar 32% e o carvão 29%. O saldo de trocas com o estrangeiro foi este ano pela primeira vez importador, abastecendo 9% do consumo nacional.
Em Outubro, o consumo de energia eléctrica cresceu, face ao período homólogo do ano anterior, 2,8%, ou 1,8% considerando a correcção dos efeitos de temperatura e número de dias úteis.
No final de Outubro a variação acumulada anual situa-se agora em +0,5%, ou 1,3% com correcção de temperatura e dias úteis.
Relativamente ao período de Janeiro a Outubro, o índice de produtibilidade hidroeléctrica situa-se em 0,55 e o índice de produtibilidade eólica em 0,98.
No mesmo período, a produção renovável abasteceu 40% do consumo mais o saldo exportador, com as centrais hidroeléctricas a representarem 11% do consumo, as eólicas 22%, a biomassa 5% e as fotovoltaicas 2%.
A produção não renovável abasteceu os restantes 60% do consumo, repartido pelo gás natural com 34% e pelo carvão com 26%.
O saldo exportador registado de Janeiro a Outubro equivale a cerca de 7% do consumo nacional.
No mercado de gás natural mantém-se a tendência de crescimento, embora mais moderada este mês, tanto no segmento de produção de energia elétrica, como no segmento convencional, com variações homólogas de 12% e 1,3%, respectivamente.
No final de Outubro, o consumo de gás natural apresenta uma variação acumulada de 30%, com crescimentos de 105% no mercado eléctrico e de 4,9% no mercado convencional.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o Verão de 2017 foi quente e extremamente seco, com temperaturas médias do ar superiores e quantidades de precipitação inferiores ao normal.
O Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) revelou que, no final de Setembro, mais de 80% de Portugal continental estava em seca severa e a quantidade de água armazenada tinha voltado a descer em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental, na comparação com Agosto.
A Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA) tem advertido que a situação pode ser de "calamidade" se o próximo Inverno for seco, porque mais de uma centena de municípios depende de captações precárias de água que poderão secar.