Pedro Passos Coelho despediu-se esta sexta-feira da liderança do PSD com um discurso em que optou por não falar do passado e dos seus oito anos de liderança. Passos preferiu um discurso de combate ao Governo como se continuasse líder da oposição.
“Não é fácil bater a gerigonça, mas é preciso bater a gerigonça”, afirmou no discurso de cerca de meia hora, ao fim do qual foi aplaudido de pé nesta primeira noite do 37º Congresso do PSD, que decorre até domingo, no Centro de Congressos de Lisboa.
O presidente cessante do PSD começou, precisamente, por dizer que “não é tempo de olhar para trás” e anunciar que deixará escrito o que for preciso deixar sobre os seus oito anos de liderança e quatro e meio de governação.
Depois, Passos Coelho fez questão de fazer alguma reflexão ideológica sobre o que é o PSD, considerando que aquilo que muitas vezes apontam como defeito é a “virtude” dos sociais-democratas. O PSD, disse, é um partido “reformista” que rejeita os vanguardismos e põe de lado os discursos reaccionários e revolucionários.
“Temos um espaço próprio na sociedade portuguesa”, continuou Passos, passando, então, ao ataque ao Governo que espera por Agosto para fazer aumentos de pensões porque “Agosto antecedeu as eleições autárquicas, porque Agosto vai anteceder as eleições legislativas”. O Governo, acusou, “equilibra no dia-a-dia para sobreviver no médio prazo” e tem levado a cabo uma “desqualificação progressiva das políticas públicas”
“Não há vergonha”
Pedro Passos Coelho atacou também o Governo por ter, como ministros e secretários de Estado, muitos nomes que estiveram nos governos liderados por José Sócrates “que levaram o país à bancarrota”.
“Não houve até hoje um pedido de desculpas, um arrependimento. Não há vergonha”, acusou Passos, acrescentando que fica contente com as boas notícias económicas, mas que afinal não são assim tão boas.
O ex-primeiro-ministro disse que vários países europeus estão a crescer com mais força que Portugal e que a economia portuguesa já está a “perder gás”. E porquê? Porque “o Governo está preocupado consigo próprio, não está preocupado com o futuro do país”, respondeu.
Passos Coelho fez questão de deixar recados para dentro do seu partido, avisando que “este é um período que não trará facilidades para o PSD”. Reconheceu, então, que não é fácil “bater a gerigonça”, mas considera que é isso que é necessário para o país.
“Gostamos de desafios difíceis”, disse, deixando também um apelo à união. “É juntando, unindo, que conseguimos acrescentar e chegar mais longe”, afirmou Passos, que ainda gracejou, dizendo que para todos aqueles que achavam que o problema era ele próprio agora deixam de ter essa desculpa.