A presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) diz que a discussão sobre a Lei da Eutanásia é "extemporânea" quando há, neste momento, 70 mil doentes sem acesso a cuidados paliativos.
Os números da APCP, divulgados esta quarta-feira, "têm peso" e refletem que "é incompreensível a pressa sobre um tema que não é de todo prioritário".
À Renascença, Catarina Pazes defende que "é preciso resolver problemas de acesso a cuidados de Saúde e a cuidados sociais" e que, antes de se discutir a morte medicamente assistida, é necessário "acautelar o acesso aos cuidados paliativos que evitam precisamente sofrimento que leva a soluções limite".
“Estamos a falar de cerca de 70 mil pessoas em processo de intenso sofrimento que não tem acesso aos cuidados de que necessitam”, alertou ainda, ao questionar “qual seria a resposta dos governantes” se esta situação se colocasse em áreas como a cardiologia, a neurologia ou a oncologia.
A presidente da APCP reconhece que Portugal enfrenta um cenário difícil, devido à inflação e ao aumento do custo de vida, mas refere que "isso não nos pode impedir como país de garantirmos a todos os cuidados que são necessários para que as pessoas sejam empurradas para outro tipo de respostas".
Os seis candidatos a bastonário da Ordem dos Médicos (OM) foram unânimes esta quarta-feira quanto à criação da especialidade de medicina paliativa para responder às necessidades e aos problemas de uma população envelhecida e dos mais vulneráveis.
Catarina Pazes reage com agrado, realçando que a criação desta especialidade "seria completamente natural".
"É aquilo que o país precisa e é uma necessidade para que haja uma evolução no desenvolvimento da área no terreno", conclui.