António Costa poderá não ter condições para se manter como primeiro-ministro, caso se confirmem as suspeitas da prática de crime por parte de elementos do Governo no negócio da exploração de lítio em Trás-os-Montes.
A posição é expressa na Renascença pelo vice-presidente da Frente Cívica: “se se confirmarem suspeitas desta gravidade e detenções relacionadas diretamente com a prática de crimes de duas pessoas próximas do Primeiro-Ministro, que à partida só se envolveriam neste negócio por instruções do Primeiro-Ministro, fica insustentável para António Costa permanecer em funções”, defende João Paulo Batalha.
Para o consultor em política anticorrupção, de todos os casos e polémicas envolvendo elementos do Executivo de António Costa, este é “o mais grave e é seguramente gravíssimo, porque, se se confirma que foi detido o chefe de gabinete do Primeiro-Ministro e um consultor que é amigo próximo do Primeiro-Ministro, e amigo de confiança para negócios formais e informais como vimos na TAP, é muito difícil estas pessoas serem suspeitas de crimes que não envolvam o próprio Primeiro-Ministro, porque são pessoas de confiança pessoal direta de António Costa”.
João Paulo Batalha ressalva, contudo, um ponto positivo: a atenção das autoridades judiciais, sobretudo por tratar-se de uma investigação que visa elementos do Governo: “é fundamental que haja essa essa independência e que as coisas, apesar de tudo, andem, sem comprometer o segredo de Justiça, a eficácia da investigação sobre o que está em causa”.
Batalha lembra que um caso desta dimensão “tem implicações políticas diretas e imediatas” e que, portanto, “António Costa não vai poder simplesmente dizer que ‘à justiça o que é da justiça’.
Esta terça-feira, o Ministério Público está a realizar buscas relacionadas com um processo que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o ex-ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e o empresário Diogo Lacerda Machado. A informação está a ser avançada pela SIC.
Segundo o jornal "Público", a PSP está a realizar buscas em diversos ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, no Palácio de São Bento e há pelo menos cinco detidos.
Ainda de acordo com o jornal, entre os detidos estão o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, bem como Lacerda Machado, empresário e consultor de António Costa, e o presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas.
A operação deve-se a uma investigação sobre os negócios do lítio e hidrogénio.
As buscas já foram confirmadas, no entretanto, pelo Ministério do Ambiente.
António Costa, que estaria a caminho do Porto para participar no Tomorrow Summit, está neste momento em Belém para falar com Marcelo Rebelo de Sousa.
Contactada pela Renascença, a Polícia Judiciária assegura que não está envolvida na operação.