"Vão ser introduzidas alterações nos sentidos de tráfego na área próxima do mercado de Arroios. A rua Carlos Mardel terá o sentido invertido, bem como a rua Rosa Damasceno, e toda rotunda do mercado", indicou a Câmara de Lisboa, referindo que o objetivo é acomodar a circulação das três carreiras de autocarro provenientes da Alameda Dom Afonso Henriques.
Em resposta à agência Lusa sobre o projeto de requalificação da ciclovia da Almirante Reis, o executivo liderado por Carlos Moedas (PSD) disse que passará a existir "uma viragem à esquerda na Av. Almirante Reis / Alameda Afonso Henriques", para substituir a viragem à esquerda hoje existente na rua Eduardo Brazão, que será inviabilizada com a instalação da pista ciclável bidirecional no sentido descendente desta avenida.
Com a inversão dos sentidos de circulação automóvel junto ao mercado de Arroios, em que o tráfego na rotunda passará a ser no sentido contrário dos ponteiros do relógio, o projeto da câmara municipal pretende ainda fazer com que "todo o arruamento tenha o mesmo perfil, mais urbano, mais próximo de um perfil de um arruamento de 4 º nível de cariz residencial", o que implica a eliminação do corredor "Bus" da rua Carlos Mardel.
"Não faz sentido ter um corredor "Bus" tão reduzido, sem significado do ponto de vista funcional, no meio de um bairro residencial, conferindo ao arruamento um carácter desequilibrado", indicou a liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta.
No âmbito da divulgação do projeto de requalificação da ciclovia da avenida Almirante Reis, através do "site" do município, o PS na Câmara de Lisboa criticou a eliminação de um corredor "Bus" na rua Carlos Mardel, referindo que essa alteração é "para garantir 27 lugares de estacionamento".
"De nada serve ter transportes gratuitos, se depois se destrói a capacidade de serem rápidos e eficientes", defenderam os socialistas, numa publicação na rede social Twitter.
Segundo a informação disponibilizada no "site" do município, a solução provisória para a avenida Almirante Reis, com uma ciclovia bidirecional, permite "repor duas faixas de circulação no sentido da saída, Martim Moniz / Areeiro, promovendo maior escoamento do tráfego e diminuição dos níveis de poluição", assim como "assegurar o canal de socorro, de acesso ao hospital de São José, à custa da utilização excecional e integral do canal ciclável".
"No sentido descendente e na direita ascendente as faixas serão todas zonas 30 [velocidade máxima de 30 quilómetros por hora], aumentando a segurança e a fluidez através da velocidade constante", refere a autarquia, indicando que a intervenção prevê o "ganho de cerca de 60 lugares" de estacionamento na zona do mercado de Arroios.
Relativamente à obra necessária para implementar a solução provisória, o município indica que a mesma envolve apenas raspagem de pintura e repintura, remoção e localização de balizadores e alteração da localização de "ilhas" em lancil realizadas recentemente, aquando da instalação da "pop-up", para localização dos semáforos, pelo que "terá custos reduzidos e obedece a critérios de racionalidade do investimento público".No final de março, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse que a solução imediata para avenida Almirante Reis passa por "acabar com metade da ciclovia", ressalvando que a longo prazo deve existir um projeto de reperfilamento da artéria.
Parte da ciclovia da Almirante Reis começou a ser retirada na quarta-feira, informação que foi nesse mesmo dia utilizada pelo BE na Câmara de Lisboa, durante a reunião pública do executivo camarário, para pedir ao presidente Carlos Moedas que as obras "não avancem" até ser discutida a proposta de apresentação de um projeto de alteração fundamentado.
Em causa está a proposta do BE, do Livre e da vereadora independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), para que "antes de qualquer alteração na configuração do perfil da avenida" seja apresentado o projeto de alteração fundamentado para a ciclovia da Almirante Reis, abrindo "um período de recolha de contributos de não menos 30 dias".
Essa proposta foi agendada para apreciação na próxima segunda-feira na reunião privada da câmara, tendo Carlos Moedas já anunciado que votará contra.