A Ucrânia pediu, esta terça-feira, mais sistemas de defesa aérea, após novo ataque russo com 'drones' no nordeste do país, enquanto se intensificam as batalhas no terreno, sobretudo em Bakhmut (leste), um mês depois do início da contraofensiva ucraniana.
"Infelizmente, o nosso Estado ainda não possui sistemas de defesa aérea de qualidade suficiente para proteger todo o nosso território e abater todos os alvos inimigos", disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referindo-se a um ataque com 'drones' na região nordeste de Sumi, que provocou três mortes.
Segundo o chefe da Administração Militar em Sumy, Dmitro Zhevitsky, os alarmes antiaéreos não soaram quando os 'drones' Shahed, de fabrico iraniano, causaram a tragédia na segunda-feira.
Zelensky sustentou que "o inimigo aproveita-se" de algumas áreas ainda estarem desprotegidas e prometeu fazer "todo o possível e o impossível" para que o sistema de defesa aérea da Ucrânia seja "mais forte".
O objetivo, explicou, é que "o escudo aéreo ucraniano seja capaz de proteger todo o território do terror russo e, no futuro, tornar-se a base do escudo aéreo europeu".
No terreno, os exércitos ucraniano e russo lutam nos arredores da cidade de Bakhmut, no prosseguimento da mais longa e sangrenta batalha desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado, por posições que mudam de mãos até duas vezes por dia e continuam a disputar a iniciativa.
"Na área de Bakhmut houve uma escalada novamente. O duelo para tomar a iniciativa continua", disse a vice-ministra da Defesa, Hanna Maliar.
Segundo a governante, as tropas russas reagem a todas as ações ucranianas e "criam três linhas de defesa" nas áreas de atuação das forças de Kiev.
A investida das forças ucranianas continua também no sul do país, uma das frentes prioritárias da contraofensiva que começou há um mês e permitiu a Kiev recuperar mais de 158 quilómetros quadrados.
De acordo com o anunciado pelo comandante ucraniano encarregado da frente sul, as forças de Kiev continuam a forçar avanços enquanto causaram baixas às tropas russas nas últimas 24 horas equivalentes a "quase três companhias".
"As forças armadas [ucranianas] continuam a avançar na área de Tavria", disse o comandante Oleksandr Tarnavski, chefe do grupo operacional estratégico que luta naquela área no sudeste do país.
Tarnavski também relatou que as forças ucranianas conseguiram deslocar as forças russas de várias das suas posições.
Enquanto isso, os russos de Zaporijia, também no sul, alertam para os preparativos para "a segunda etapa" do contra-ataque de Kiev.
"Ao longo de toda a linha de contacto na frente de Zaporijia [os ucranianos] estão constantemente a manobrar e mover tropas", disse o representante das autoridades impostas pela Rússia na região, Vladimir Rogov.
Também o oficial na reforma e líder do levantamento armado em Donbass (leste da Ucrânia) em 2014, Igor Girkin, referiu-se hoje à transferência acelerada de tropas e equipamentos para a frente de Zaporijia por Kiev.
Segundo o chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksi Danilov, a prioridade ucraniana neste momento não seja tanto avançar, mas causar "a destruição máxima" de tropas, armas, material militar, abastecimentos e logística de infraestruturas das forças russas.
"Nesta fase de hostilidades ativas, as Forças Armadas da Ucrânia estão a cumprir sua tarefa número um: destruição máxima de recursos humanos, equipamentos, depósitos de combustível, veículos militares, postos de comando, artilharia e defesa aérea do Exército russo", afirmou Danlilov no Twitter, acrescentando que "os últimos dias foram particularmente frutíferos".
"Agora, a guerra de destruição é [tão importante] como a guerra dos quilómetros", disse Danilov, que explicou que a neutralização das tropas russas e do material militar se traduz em mais possibilidades para as forças ucranianas avançarem e recuperarem território.
O Ministério da Defesa russo, por sua vez, negou qualquer avanço ucraniano e declarou que todas as ações ofensivas do inimigo estão a ser repelidas e com elevada perda de efeivos por Kiev.
Só no último dia, mais de 650 soldados ucranianos perderam a vida em diferentes frentes na Ucrânia, segundo os militares russos.
As informações, quer de Moscovo quer de Kiev, não podem ser confirmadas no imediato por fontes independentes.