A Organização Internacional para as Migrações (OIM) divulgou que a guarda costeira da Líbia intercetou, na noite passada, ao largo das costas do país, um grupo de 83 migrantes que foi posteriormente transportado para um centro de detenção.
A porta-voz da OIM, Safa Msehli, precisou que estes migrantes, que tentavam fazer a travessia do Mediterrâneo em direção à Europa, foram intercetados junto à cidade de Garabouli e foram transportados posteriormente para o centro de detenção de Souq al-Khamis, em Khoms, cidade localizada a 120 quilómetros a leste de Tripoli (capital líbia).
De acordo com a representante da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a maioria dos 83 migrantes era proveniente do Sudão e da Eritreia. Uma mulher migrante integrava o grupo intercetado.
No total, cerca de 6.000 migrantes já foram intercetados e levados de volta para a Líbia, país que não é considerado um porto seguro, desde o início deste ano, segundo precisou Safa Msehli.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.
Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido igualmente um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações.
A maioria dos migrantes tenta fazer a travessia do Mediterrâneo em botes de borracha mal equipados e muito precários em termos de segurança.
O território líbio integra a chamada rota migratória do Mediterrâneo Central, que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta.
Segundo as mais recentes estimativas da OIM, divulgadas em abril, mais de 20 mil pessoas terão morrido durante a travessia da rota migratória do Mediterrâneo desde 2014.
Ao longo dos últimos anos, a União Europeia (UE) apoiou a guarda costeira líbia e outras forças locais para tentar conter a saída de migrantes em direção à Europa.
Várias organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos sempre denunciaram que tais esforços tinham deixado os migrantes à mercê de grupos armados locais ou retidos em centros de detenção sobrelotados e com condições de vida muito precárias.
Em fevereiro, a UE acordou trocar a missão de patrulhamento e de controlo do fluxo de migrantes no Mediterrâneo (designada como Sophia) por uma missão que visa bloquear a entrada de armas na Líbia e cumprir o embargo imposto pelo Conselho de Segurança da ONU, encarado como essencial para travar o conflito civil em curso no território líbio.