O Papa disse esta segunda-feira, na Bulgária, que, "hoje, o mundo dos migrantes e refugiados é um pouco de cruz, uma cruz de humanidade, e a cruz é muita gente que sofre".
As palavras de Francisco, divulgadas pelo diretor-interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti, foram deixadas no campo de refugiados de Vrazhdebna, situado a pouco mais de oito quilómetros da captal da Bulgária, Sófia.
Ainda de acordo com a sala de Imprensa, o Papa agradeceu às crianças e suas famílias a boa vontade que evidenciam "nesta jornada de sofrimento" e pediu a todos que orem "por aqueles que sofrem, especialmente essas crianças e essas famílias".
No campo, que acolhe refugiados provenientes da Síria e do Iraque, Francisco foi acolhido pelos responsáveis do centro e pelo diretor da Caritas, que o acompanharam até o refeitório onde estavam cerca de 50 pessoas, entre crianças e seus pais.
O encontro durou cerca de 25 minutos e incluiu a entrega a Francisco de desenhos feitos pelas crianças, "um presente que o Papa apreciou muito", de acordo com Alessandro Gisotti.
"O Papa ficou muito satisfeito e essas crianças também se sentiram gratificadas, isso também foi visto na troca de desenhos, mesmo na saudação que se seguiu", sublinhou o responsável do Vaticano.
Por sua vez, Francisco, que também ouviu as crianças cantar, presenteou o centro de refugiados com um ícone da Virgem Maria com o Menino, concebido segundo antiga tradição bizantina.
Uma voluntária da Caritas protagonizou o momento de saudação ao Papa. "Seguindo seus apelos para estarmos próximos aos mais vulneráveis, damos uma mão às pessoas que escolheram a nossa Bulgária, para uma estada que poderia ser temporária ou permanente, em busca de uma vida melhor”, disse a jovem voluntária.
"Entre os nossos colaboradores, há numerosos migrantes de religião muçulmana. Somos pessoas de diversas confissões e estamos orgulhosos de fazer parte da grande família da Caritas. Nos esforçamos para difundir o amor misericordioso de Deus aos irmãos”, sublinhou.
Do campo de Vrazhdebna, Francisco rumou a Plovdiv, a segunda cidade mais importante da Bulgária, de onde seguirá para Rakovski, cidade de 28 mil habitantes, a maioria católicos, onde às 10h15, hora local, celebrou uma eucaristia. Depois do almoço, ainda em Rakovski, o Papa falou publicamente sobre o seu encontro com os refugiados desta manhã.
"De manhã, tive a alegria de encontrar, no campo de refugiados de Vrazhedebna, deslocados e refugiados que vieram de vários países do mundo para encontrar uma situação de vida melhor daquela que deixaram, e também voluntários da Cáritas. Disseram-me lá que o coração do Centro é constituído pela consciência de que toda a pessoa é filha de Deus, independentemente da etnia ou confissão religiosa. Para amar alguém, não é preciso pedir-lhe o seu currículo; o amor precede, antecipa-se. Porque é gratuito", disse.
Francisco falou aos presentes da importância de nunca se procurar discernir entre as pessoas que são dignas de amor ou não. "Ver com os olhos da fé convida-nos a passar a vida, não colando etiquetas nem classificando quem é digno de amor e quem não o é, mas procurando criar as condições para que cada pessoa possa sentir-se amada, sobretudo quem se sente esquecido por Deus porque é esquecido pelos seus irmãos. Quem ama, não perde tempo em lamentos, mas procura sempre algo de concreto que possa fazer. Naquele Centro, aprenderam a ver os problemas, reconhecê-los, enfrentá-los; deixaram-se interpelar e procuraram discernir com os olhos do Senhor. Como disse o Papa João, 'nunca conheci um pessimista que tenha concluído algo de bom'", disse.
O Papa brincou ainda com a delegação da Cáritas presente, cujos membros estavam todos equipados com camisolas encarnadas. "Quando cheguei, perguntei quem é que vocês eram, porque vestidos assim parecem bombeiros", disse, provocando risos entre os presentes, num encontro marcado pela informalidade e pela boa disposição.
[Notícia atualizada às 14h23]