"Muito dificilmente o Cavani virá para o Benfica". Esta é a opinião de José Manuel Antunes, em face do arrastar do processo de contratação da estrela uruguaia de 33 anos. Edinson Cavani permanece em Ibiza, numa altura em que o Benfica e os restantes agentes envolvidos continuam sem se entender no sentido de fecharem a transferência do avançado para a Luz.
Perante isto, em entrevista a Bola Branca, o antigo vice-presidente dos encarnados observa uma corda esticada até um limite "inadmissível", o que começa a humilhar a instituição benfiquista. Resta a desistência, aguarda.
"Sinceramente, acho que já passou o 'timing' do Cavani vir, é a minha opinião, e penso que restará poucas horas ou dias para o Benfica anunciar a desistência da contratação. Os seus representantes, o próprio jogador aparentemente, têm esticado a corda até um limite inadmissível. A partir de determinada altura torna-se quase humilhante para o Sport Lisboa e Benfica estar desesperado por um jogador, que é extraordinário, sem dúvida nenhuma, mas que sozinho não faz a diferença. Precisava de ter um grande clube e uma grande equipa por trás. E há outras soluções. Não se pode apostar todas cartas num só cavalo e, penso que, muito dificilmente [Cavani] virá para o Benfica", prevê.
"O Benfica já existe desde 1904, o Cavani nunca cá esteve, e sempre fomos gloriosos"
José Manuel Antunes não nomeia um responsável pelo desfecho que prevê negativo para os encarnados, mas culpa "os intermediário". "[Culpo] os interesses que há pelo meio, os intermediários. Não conheço os detalhes, mas o Benfica tentou e tentou bem, porque é um grande jogador. Porém, a partir de determinada altura, o Benfica chegou ao limite e o negócio deixa de ser interesante para o clube. Não podemos ficar dependentes de um jogador só. O Benfica já existe desde 1904, o Cavani nunca cá esteve, e sempre fomos gloriosos", afirma o antigo dirigente, que desdramatiza a eventual "queda" do negócio por Cavani.
José Manuel Antunes, de 68 anos, admite - por outro lado - que a SAD encarnada continue no mercado, mas não necessariamente por um ponta de lança para a vaga do ex-PSG.
"Compete à equipa técnica, e ao treinador Jorge Jesus, avaliar isso. Mas o lugar do Cavani será feito pelo Vinícius e estou bastante contente com a sua prestação no ano passado. O Seferovic esteve um pouco mais apagado, mas não nos podemos esquecer que ainda há dois anos fez uma excelente época. O Benfica tem pontas de lança de bom nível e são os dois últimos vencedores do prémio de melhor marcador no campeonato. Estão os dois no Benfica e têm contrato. O Benfica irá reforçar-se mas não sei se será, necessariamente, para o lugar de ponta de lança", afirma.
"Arrasar" em Portugal e viajar longe na Europa
Com o regresso de Jorge Jesus, o Benfica voltou, também, aos investimentos avultados na sua equipa profissional de futebol. E o que se gastou na última temporada (63,5 milhões de euros) será claramente ultrapassado em 2020/21. As contas serão feitas no fim do mercado.
José Manuel Antunes reconhece que o facto de haver em breve eleições para a presidência das águias tem influência nos gastos, os quais são igualmente suportados na "boa gestão" do atual líder. Neste contexto, a equipa encarnada fica também obrigada a "arrasar", como prometeu Jorge Jesus na apresentação. Ou seja, vencendo todas as provas nacionais e atingindo uma fase adiantada da Liga dos Campeões, concorda o antigo "vice".
"Com este investimento passou a ser uma obrigação. Não só passar a pré-eliminatória e o 'play-off' mas de ir além da fase de grupos. Depois deste investimento, na equipa técnica e em jogadores, passou a estar obrigado a outro tipo de exigência por parte dos sócios", observa, nesta entrevista a Bola Branca.
No plano doméstico, o ex-dirigente vai mais longe e sublinha que o Benfica "irá ganhar o campeonato nacional de forma flagrante".
"A diferença é muito grande. Os nossos rivais estão com grande incapacidade financeira em responder-nos, mas não temos de ter pena disso, nem piedade. Temos de pensar em nós, no nosso projeto, em sermos campeões nacionais e em nos afirmarmos na Europa. Mas este investimento também é fruto de dez anos de boa gestão, por isso o Benfica tem este fôlego financeiro", assinala.
José Manuel Antunes admite que "há sempre um certo eleitoralismo das pessoas que estão no poder" e define esta apreciação como "uma critica universal". "É uma inevitabilidade. Há alguma influência, mas aquilo que se está a fazer visa - sobretudo - a retoma do caminho das vitórias - com cinco títulos em sete anos. É a vontade para que o Benfica ganhe mais e se consolide na liderança, com hegemonia, do futebol nacional", conclui.