O presidente do PSD desvalorizou hoje diferenças de opinião dentro da AD e afirmou que é ele quem define o rumo, a propósito de declarações do cabeça de lista por Santarém que falou em "falsas razões climáticas". .
Luís Montenegro, que respondia a perguntas dos jornalistas, durante uma ação de rua da Aliança Democrática (AD) na Guarda, considerou que, quanto ao combate às alterações climáticas, "não há nenhuma dúvida com o comprometimento que a AD tem com o clima, com o ambiente".
"Agora, com a mesma naturalidade com que nós defendemos a transição ambiental, a transição energética, é preciso também dizer ao país que nós não podemos pôr as coisas a desnivelarem-se só para um lado. É preciso conciliarem-se as alterações climáticas, a transição energética com a vida real do país, com a agricultura, com a exploração florestal, com a atividade turística", defendeu.
"É isso que nós faremos no Governo", acrescentou.
Num jantar comício em Santarém, na quinta-feira à noite, o cabeça de lista da AD neste círculo eleitoral, Eduardo Oliveira e Sousa, antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), alegou que há investimento perdido por "falsas razões climáticas" e alertou que "não faltará muito para que sejam formadas milícias armadas" para enfrentar "os roubos nos campos".
Sobre este último ponto, Luís Montenegro disse que corresponde a "uma realidade", porque "há efetivamente muitos roubos de cobre nomeadamente nas condutas elétricas e que trazem perigo ao meio rural". Na sua opinião, "alertar para isso não é criar alarmismo, é apenas falar de uma coisa que muitas vezes se confronta com o dia a dia das pessoas".
Confrontado com a soma destas declarações às do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, associando imigração e insegurança, e às do vice-presidente do CDS-PP Paulo Núncio, quarto candidato da AD no círculo de Lisboa, a favor de um novo referendo sobre o aborto, Luís Montenegro relativizou as diferenças de opinião dentro da coligação PSD/CDS-PP/PPM.
Segundo o presidente do PSD, "evidentemente que, sendo uma campanha de uma grande força, que congrega três partidos, cidadãos independentes, candidaturas fortes em todos os círculos eleitorais, atrai pessoas que não pensam 100% todas de forma igual".
Interrogado se não sente que nesta campanha está permanentemente a ter de explicar declarações dos outros, respondeu: "É muito pertinente a sua questão, e isso é mesmo o essencial da campanha eleitoral".
"Eu terei ocasião também de aproveitar aquilo que as pessoas vão dizendo ao meu lado para esclarecer o que é a base da nossa proposta, a orientação de política que me cabe a mim e só a mim definir", afirmou.
"E os portugueses com isso saem beneficiados, porque até podem confrontar, aqui ou ali, algumas pequenas diferenças de opinião que nós temos dentro de nós, para perceberem qual é o rumo que eu lhes tenho para dar", sustentou.
Luís Montenegro recusou qualquer confusão para os eleitores: "Não é confuso. Os eleitores portugueses são muito mais inteligentes do que aquilo que muitas vezes algumas considerações e até alguns comentários que eu vejo no espaço público fazem perceber ou querem fazer perceber".
O presidente do PSD descreveu o cabeça de lista da AD pelo círculo de Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, como "um homem profundamente conhecedor da realidade da agricultura portuguesa e do mundo rural" e enquadrou a sua referência a "milícias armadas" como uma chamada de atenção para um assunto "que passa um bocadinho ao lado das notícias no dia a dia".
"Interpretem as coisas com naturalidade", pediu aos jornalistas.
De acordo com Luís Montenegro, Eduardo Oliveira e Sousa alertou para "a reação que muitos agricultores estão a ter de perderem um pouco a paciência com a repetição deste fenómeno" de roubos de cobre, que cria "um sentimento de insegurança em alguma franja da população", que é motivo de preocupação.