Passos sobre Banif: A saída foi mesmo limpa e "este Governo é muito bem-vindo à realidade"
22-12-2015 - 11:05

"É absurdo dizer que não se resolveu o problema mais cedo porque queríamos saída limpa", diz Passos Coelho.

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O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou esta terça-feira que é "absurdo" afirmar que o Governo anterior "não resolveu este problema mais cedo" para não perturbar a saída do programa de ajustamento.

"Não há dúvidas nenhumas de que a saída foi limpa", disse, em Cascais, à margem do III Encontro Anual do Conselho da Diáspora Portuguesa.

Passos Coelho considera que a solução encontrada pelo Banco de Portugal e o Governo revela "inteligência". "A liquidação é sempre a pior solução", disse Passos.

"Com a experiência que tenho, calculo, até porque sei o que pensa a Direcção-Geral de Concorrência e sei o que tem sido a abordagem do Banco Central Europeu nestas matérias, admito que não teria uma solução muito diferente desta que foi adoptada, na medida em que não foi possível identificar ao longo destes anos um comprador para o Banif”, disse.

"Este Governo é muito bem-vindo à realidade", atirou Passos.

"Espero que não se faça demasiadas passa-culpas. Nós temos as nossas responsabilidades", disse, acrescentando que o Governo de António Costa também terá as suas, assim que avaliada a solução encontrada.

Passos garante que o PS conhecia o problema do banco. "O problema do Banif era um problema que era conhecido e que era conhecido do PS e de toda a sociedade portuguesa, não houve nenhum secretismo", disse.

O Governo e o Banco de Portugal optaram pela venda do Banif ao Banco Santander Totta, no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco cuja maioria do capital pertencia ao Estado português, de forma a impedir a sua liquidação.

No domingo à noite, em comunicado, o supervisor bancário divulgou a operação, explicando que a mesma foi tomada face às "imposições das instituições europeias", bem como devido à "inviabilização da venda voluntária do Banif".

A operação "envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões de euros, que visam cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões de euros pelo Fundo de Resolução e 1.766 milhões directamente do Estado", disse o banco central, garantindo que esta solução "é a que melhor protege a estabilidade do sistema financeiro português".

Na sequência disto, o Governo aprovou na segunda-feira em Conselho de Ministros extraordinário e entregou o Orçamento Rectificativo na Assembleia da República.