A última semana do ano volta a ser afetada por greves de vários serviços. Os aeroportos, a limpeza urbana e a distribuição alimentar vão sofrer paralisações com graus diferentes de impacto.
Nos aeroportos portugueses, os trabalhadores da Portway, a empresa que faz a assistência em terra, vão parar nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e no dia 1 de janeiro. Incluído na greve está o trabalho suplementar entre o dia 24 de dezembro e as 24 horas de 1 de janeiro.
Na base da greve está a acusação dos trabalhadores que a Portway não está a pagar os salários com os aumentos acordados. À Renascença, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Handling, Aviação e Aeroportos disse que os trabalhadores estão “desapontados”, e uma reunião na quarta-feira acabou sem entendimento para suspender a greve.
Lixo pode acumular-se nas ruas
As diferentes greves dos trabalhadores de limpeza urbana e recolha de lixo podem ser mais visíveis. Este é, de longe, o setor onde as paralisações são mais abrangentes.
Em Lisboa, a greve marcada vai prolongar-se por nove dias, de formas diferentes: enquanto a paralisação é total nos dias 26 e 27 de dezembro (pela greve nacional), fica-se pelo trabalho extraordinário entre o dia de Natal e a véspera de Ano Novo. Depois, já em 2025, estes trabalhadores param entre as 22h00 de dia 1 e as 6h00 de dia 2 de janeiro.
A greve em Lisboa foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, que apontam para as “não respostas do executivo” de Carlos Moedas sobre os problemas do setor de higiene urbana. No resto do país, a greve é do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, e a exigência é o aumento de salários.
A greve nacional vai afetar 37 concelhos a 26 e 27 de dezembro, e Portimão a 2 e 3 de janeiro.
Os 37 concelhos afetados a 26 e 27 de dezembro são, além de Oeiras e Lisboa, os 35 municípios onde a recolha de resíduos é feita pela empresa Resinorte. Esses concelhos são Alijó, Amarante, Armamar, Baião, Boticas, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Chaves, Cinfães, Fafe, Guimarães, Lamego, Marco de Canaveses, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Mondim de Basto, Montalegre, Murça, Penedono, Peso da Régua, Resende, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Santo Tirso, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Trofa, Valpaços, Vila Nova de Famalicão, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real e Vizela.
No dia 26, há outra empresa a ser afetada pela greve, a FCC Environment Portugal. Essa empresa serve 21 municípios, incluindo os oito da LIPOR (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde). Os restantes são Vila Real, Mogadouro, Coruche, Oeiras, Murça, Torre de Moncorvo, Marco de Canaveses, Ponte de Lima, Vila Real, Freixo de Espada à Cinta, Foz Côa, Baião e Sabugal.
Trabalhadores da distribuição voltam a parar
Do lado dos serviços, os trabalhadores da distribuição vão parar, tal como em 2023, nos dias 24 e 31 de dezembro.
O Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços justifica a greve com a luta por “aumentos salariais justos, que reconheçam o esforço e dedicação”, assim como 2a conciliação entre a vida familiar e profissional”.
Greve no Fisco
Os trabalhadores da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) iniciaram esta quinta-feira uma greve de dois dias, reivindicando a valorização da carreira, a revisão da tabela salarial e condições de trabalho para combater a fraude e evasão fiscal.
No primeiro dia da greve, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), realizou-se uma concentração com início no Largo do Carmo, em Lisboa, seguida de marcha até à Assembleia da República.
Entre as exigências do STI estão um aumento adicional de 10% ao ano, a começar em 2025 e a terminar em 2027, de forma a compensar as perdas de poder de compra e alinhar com a valorização salarial de outras carreiras gerais que viram a sua tabela salarial revista em 2023 e progressões no máximo de seis em seis anos para que seja possível atingir o topo da carreira em 30 anos de trabalho.