O Presidente da República elogia o percurso de meio século de liberdade religiosa em Portugal, mas adverte que se vive "um tempo perigosamente egoísta" e frisa que as preocupações sociais são inseparáveis de uma democracia justa.
Este aviso sobre o tempo presente foi deixado por Marcelo Rebelo de Sousa no final de uma missa ecuménica, na Catedral de São Paulo da Igreja Lusitana, em Lisboa, que assinalou o 50.º aniversário do Conselho Português das Igrejas Cristãs.
"As preocupações sociais são inseparáveis da construção de uma democracia justa", declarou o Chefe de Estado, referindo-se depois ao pacto sobre a imigração e os refugiados e às consequências da atual crise pandémica da Covid-19.
"Infelizmente, vivemos um tempo de alguma intolerância, de alguma xenofobia, de algum distanciamento relativamente aos outros. Vivemos um tempo perigosamente egoísta", apontou o Presidente da República, após uma breve intervenção do antigo ministro da Justiça e presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, Vera Jardim.
Numa cerimónia que foi aberta com uma intervenção de boas-vindas a cargo do bispo D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, que elogiou ação de Marcelo Rebelo de Sousa no sentido de estimular o diálogo inter-religioso, o chefe de Estado defendeu depois a tese de que as crises do final do século passado e as mais recentes "foram muito duras, muito difíceis, convidando ao egoísmo".
"A crise pandémica que ainda vivemos, que tem durado bem para além de um ano da vida de todos os cidadãos de todo o mundo, tem sido uma provação e um desafio às igrejas cristãs, todas elas, e também a todos os seres humanos, a todos aqueles e aquelas que acreditam na dignidade da pessoa humana. Um tempo de tragédia, mas também um tempo de amor e de esperança", completou o Presidente da República.