O novo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, revela que já se encontrou com vítimas de abuso sexual no seio da Igreja e reitera a disponibilidade para continuar a fazê-lo.
"Existe da minha parte esta assertiva abertura para me encontrar com as vítimas. Estou a agendar o encontro com mais uma", revelou o bispo em declarações à Renascença e à RTP, em Roma.
As palavras de D. Rui Valério deram a entender que esses encontros já aconteceram, informação entretanto confirmada à Renascença pelo Patriarcado, que prefere não revelar quantos nem quando decorreram para proteger as vítimas.
Depois de presidir à celebração de uma missa com voluntários da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na Igreja de Santo Inácio de Loyola, D. Rui Valério volta a declarar guerra a este problema, evidenciado pelo relatório dos abusos sexuais revelado em fevereiro deste ano pela comissão independente liderada por Pedro Strecht.
"Estou na frente da batalha, não só para resolver o passado mas também para construir o futuro", vincou.
D. Rui Valério assegurou ainda que todas as vítimas que aceitaram estão a ter acompanhamento psicológico.
Crise no Governo? "De valores"
Questionado sobre a crise política, que no início de novembro levou à queda do Governo de António Costa, o novo patriarca prefere não pessoalizar, mas assinala uma "crise de valores" patente na sociedade.
"A verdadeira crise não é de ordem política, é de ordem dos valores. A crise existe quando nós deixámos de identificar qual é o caminho do bem e do mal", atira o recém-nomeado patriarca de Lisboa.
Durante a homilia, D. Rui Valério defendeu que “Cristo não pode ser uma nota de rodapé nas nossas vidas” e pediu para que a vida de Jesus seja colocada no centro do quotidiano.
O novo patriarca, em funções há perto de três meses, afirmou também que um dos seus principais defeitos é “ser maçador e cansativo”, ao pedir aos jovens que respondam ao chamamento de Deus, momento que provocou risos entre os que assistiam à missa