​“António Costa pode ir de férias descansado”
22-06-2018 - 12:16
 • Ricardo Conceição

Na semana em que arrancaram as conversa sobre o próximo Orçamento do Estado e o no Parlamento esquerda e direita se juntaram para baixar o preço da Gasolina, os comentadores do "Visto de" Fora olham para o atual momento político.

“António Costa pode ir de férias descansado”, diz Olivier Bonamici. As grandes dores de cabeça para o primeiro-ministro vêm depois do Orçamento do Estado, vaticina o jornalista francês.

Para os comentadores do "Visto de Fora", os partidos já estão a pensar nas eleições de 2019 e por agora adotam uma postura de “cumprir calendário” para depois arrancar em força com a campanha eleitoral.

É neste contexto que Begoña Iñiguez situa a atuação atual do PSD. Esta semana, o ministro sombra de Rui Rio disse na Renascença que os social-democratas devem viabilizar o Orçamento, em caso de bloqueio no Parlamento.

Para a jornalista espanhola trata-se de uma estratégia “inteligente, porque é bom para o país”. No entanto, a correspondente da Cadena Cope deixa uma dúvida no ar ao afirmar: “não sabemos os acordos que há por debaixo do tapete. Se o Silva Peneda disse isto … há alguma coisa por detrás.”

No que toca à actualidade nacional, também se discute o preço dos combustíveis e a decisão tomada esta semana no Parlamento. “Tenho a receio que esta medida seja eleitoralista”, afirma o Olivier Bonamici. “Lá fora consideram que aqui é tudo barato. Não deixa de ser inacreditável quando olhamos de perto para a gasolina, para o gás para a eletricidade, é quase tudo caríssimo. É um dos mais caros países da Europa”, conclui o jornalista Francês. Begoña Iñiguez lembra que “no bolso dos condutores não se vai notar. Os portugueses têm de continuar a ir a espanha.

Nas fronteiras os combustíveis deviam ser mais baratos.

A gasolina é um bem para todos, não é de esquerda e de direita é uma questão de bolsa”, defende a jornalista espanhola.

Esta semana há ainda tempo para falar de futebol e das prestações das respectivas seleções. E o programa termina com um apelo de um pai que não sabe o que fazer aos filhos durante as férias.

Quem pode ajudar Olivier Bonamici?


Será possível um acordo europeu sobre migrantes?

A reunião informal sobre migrantes, o acordo Merkel - Macron e o anúncio do fim do resgate grego são temas desta semana do Visto de Fora.

Nas vésperas de uma reunião informal em Bruxelas para procurar respostas para a crise dos migrantes, os comentadores do Visto de Fora antecipam como “muito difícil” a possibilidade de um consenso.

Será possível um acordo sobre migrantes nesta Europa a 27? “Ninguém sabe a resposta. Por isso, esta reunião informal”, avança Begonã Iñiguez. “O problema é que nem todos vão estar presentes. É preciso tentar estabelecer um mínimo. A maioria devia impor uma série de condições”, defende a jornalista espanhola.

Se olharmos para sondagens recentes torna-se mais fácil concluir que há opiniões opostas na família europeia sobre a forma como lidar com os migrantes. Uma sondagem em Espanha revela que os principais problemas são o desemprego e a corrupção. Apenas 3 por cento dos espanhóis elegem a imigração como principal preocupação. Noutros países, como na Itália ou ou Polónia, a imigração é o principal problema. “Como é que vais juntar todas estas sensibilidades para resolver isto? Para mim, este é o grande drama”, afirma Olivier Bonamici. “O problema é encontrar uma resposta europeia com todas as diferenças e divergências”, acrescenta.

“Quando ouvi esta semana a proposta de Donald Trump de separar os filhos dos pais. Quando ouço Viktor Orban, Salvini e companhia, o que me faz imensa confusão (eu defendo a identidade dos povos) é quando se passa para uma obsessão identitária indiferente aos direitos humanos. É algo que tenho dificuldade de entender. Ainda bem que existem países como a Espanha, que tomam decisões como a de Sanchez. É uma questão básica, humanitária”, lamenta o jornalista francês. Os dois comentadores do Visto de Fora não acreditam que saiam medidas concretas da reunião de domingo em Bruxelas.

Esta semana fica ainda marcada pelo encontro entre Angela Merkel e Emmanuel Macron em Mesenberg, que resultou em acordo. Para os comentadores do Visto de Fora o entendimento lavrado em papel é um sinal de vida dos dois líderes europeus. “É uma declaração de intenções. Fica no papel e fica muito bonito. Foi uma cimeira para dizer: somos nós que mandamos”, na análise de Begoña Iñiguez, que Bonamici subscreve. O jornalista francês confessa-se mais preocupado com a saúde do governo alemão do que com este acordo.

E foi sem fogo de artifício nem festa nas ruas que Atenas recebeu o anúncio do fim do 3º resgate, “8 anos depois”, lembra a correspondente da Cadena Cope, em Lisboa. Ninguém acredita que o cenário vai agora mudar da noite para o dia para os gregos. “Fim do Resgate grego é uma medida por e simplesmente simbólica. A austeridade não acabou na Grécia. A Grécia está ainda sob respiração artificial”, conclui Olivier Bonamici. Atenas vai receber mais uma tranche de 15 mil milhões de euros. Sob vigilância apertada, os gregos vão ter de prestar contas aos credores e cumpir os acordos.


Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus