O serviço de médicos de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria no Hospital São Francisco Xavier em agosto e setembro está ainda “por garantir”, revelou esta segunda-feira a Ordem dos Médicos após reunião com médicos e administração do hospital.
Estava previsto que, enquanto o bloco de partos do Santa Maria estiver fechado para obras, os serviços ficassem concentrados no São Francisco Xavier. Mas, em reunião com médicos e a administração do Hospital Santa Maria, o tesoureiro do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos (OM), Luís Campos Pinheiro, dá conta que a situação está ainda por resolver.
"Fiz um apelo para que haja conversações com o Conselho de Administração e que o Conselho de Administração ouça os médicos", afirmou aos jornalistas no final do encontro, onde destacou “o grupo de profissionais aberto a encontrar soluções”.
Em causa está também a demissão de vários chefes e subchefes destes serviços, em resposta à saída do antigo diretor do departamento Diogo Ayres de Campos e da diretora do Serviço de Obstetrícia Luísa Pinto, na sequência do encerramento do serviço devido às obras de beneficiação da nova maternidade do Hospital Santa Maria.
"O papel da OM foi o de estabelecer uma ponte entre os médicos que estão exaustos, e que qualquer pequeno problema atua como uma faísca, com um Conselho de Administração que me apareceu muito aberto a querer ouvir os médicos e tentar encontrar um consenso", disse o médico.
Luís Campos Pinheiro adiantou que antes de se reunirem com os médicos, tiveram uma reunião com o Conselho de Administração, liderado por Ana Paula Martins, que "foi muito clarificadora" do projeto de remodelação e das obras.
Segundo o responsável, o conselho de administração pediu à OM que clarificasse "três pontos" junto dos médicos, nomeadamente que "não haverá alteração do pagamento das horas extraordinárias, não haverá alteração ao plano de férias e que apenas irão passar para o Hospital São Francisco Xavier os médicos que assim o entenderem, de uma forma voluntária", o que foi feito durante a reunião com os clínicos.
Questionado sobre se viu abertura por parte dos médicos para dialogar com o Conselho de Administração depois de ter explanado estes três pontos, disse que notou "uma pequena divisão" entre os profissionais de saúde, sendo que "há um grupo que está um bocadinho mais aberto ao diálogo e a conseguir estabelecer de uma forma construtiva um plano para aguentar os meses de verão".
"Mas há efetivamente alguns resistentes que durante a reunião mantinham a dúvida se os tais três pontos que referi se eram mesmo válidos ou não", contou.
Durante a reunião, houve ainda por parte dos médicos "uma crítica a como todo o processo tem decorrido", disse, sustentando que "o objetivo da Ordem dos Médicos foi o de acalmar os ânimos e apelar para que haja bom senso e que haja discussão e intervenção no plano de obras e de contingência que os médicos que têm criticado não estarem a ser ouvidos, mas que neste momento, aparentemente pelo menos há uma possibilidade de o fazerem".
Luís Campos Pinheiro adiantou que a especialidade de obstetrícia é "uma especialidade muito fustigada pelas urgências e pelos planos de contingência sucessivos" desde a pandemia e, portanto, os profissionais "estão exaustos", mas, vincou, "achei que era um grupo de profissionais muito focado no tratamento das suas grávidas e, portanto, fiquei com uma sensação de que se vai conseguir chegar a um consenso e a uma estratégia construtiva".