A Direção-Geral da Saúde (DGS) alerta para atrasos na vacinação de crianças de um ano.
De acordo com o boletim de vacinação 2023, a cobertura prevista no Programa Nacional de Vacinação continua acima dos 95%.
“Isto não é de agora, é de há mais anos, mas, mais ou menos, a partir dos 12 meses [os pais] começam a atrasar-se um bocadinho mais para ir à vacinação com as suas crianças”, alerta Teresa Fernandes, coordenadora do Programa Nacional de Vacinação (PNV), em declarações à Renascença.
Segundo esta responsável, a vacinação recomendada para a faixa entre os 12 e os 13 meses visa a imunização do sarampo, rubéola, papeira e meningite C.
“Estamos com uma cobertura entre os 82% e os 85% para estas quatro vacinas, o que é muito bom, mas ainda fica um bocadinho aquém daquilo que deveria”, avisa a coordenadora do PNV.
Apesar de erradicado em Portugal, graças à vacinação, o sarampo importado é o exemplo mais preocupante: “é uma doença muitíssimo transmissível e, se surgir uma pessoa doente no infantário, se 15% das crianças não estiverem protegidas, isso pode provocar surtos”.
Descuido dos pais
A questão é porque é que estes atrasos ocorrem? Teresa Fernandes admite que há “descuido” por parte dos pais.
“Aos dois meses, tudo corre bem e mais de 95% das crianças são vacinadas antes de fazerem os três meses”.
O que estraga a cobertura média superior a 95% é o intervalo entre os 12 e os 13 meses.
“Na verdade, aos 12 meses, nós recomendamos quatro vacinas para estas doenças, porque é a altura em que a incidência das doenças é maior, portanto não convém elas atrasarem”.
O problema, diz a coordenadora do PNV, é que “não é muito fácil uma criança pequena levar quatro injeções na mesma altura, portanto, percebemos que as pessoas adiam um bocadinho, mas podem fazer uns dias mais tarde. Há pessoas que fazem décalage, desde que não falhem. Devem fazer dentro do primeiro mês”, a partir do primeiro ano de vida.
Teresa Fernandes diz que “a boa notícia” é que “na avaliação aos 24 meses, eles já estão todos vacinados e já têm mais de 95% de cobertura vacinal, portanto, eles acabam por se vacinar, só que perderam ali uma oportunidade e que acarreta um risco”.