Augusto Santos Silva acredita que António Guterres vai ter “melhores condições” no seu segundo mandato à frente da Organização das Nações Unidas do que teve no primeiro. Em declarações à Renascença e ao Público, o ministro dos Negócios Estrangeiros saúda a decisão do Conselho de Segurança da ONU, que decidiu apoiar a recondução de Guterres.
Essa decisão “significa em primeiro lugar que a candidatura apresentada pelo governo português foi endossada pelo Conselho de Segurança que recomenda à Assembleia Geral a escolha de António Guterres para um segundo mandato. Para Portugal julgo que é motivo de orgulho. É, sem dúvida, o português que chegou mais longe em matéria de altos cargos internacionais e é muito importante que o reconhecimento do trabalho que fez durante o primeiro mandato mereça esta recomendação do conselho de segurança para um segundo mandato”, afirma Santos Silva.
O MNE, que também foi governante nos governos de Guterres, considera que o primeiro mandato do ex-primeiro-ministro à frente da ONU foi cumprido em “circunstâncias muito dificeis”: “Ele teve de advogar e promover o multilateralismo num momento em que o multilateralismo estava a ser questionado diretamente quer pela administração Trump nos Estados Unidos, quer por tensões geopolíticas muito sérias entre grandes potências mundiais.”
Santos Silva acredita que, agora, Guterres terá “melhores condições” para executar um programa centrado nas alterações climáticas e nos direitos humanos: “Julgo que no segundo mandato terá melhores condições para executar o seu programa que tem sido claro desde o primeiro dia: insistir na necessidade absolutamente essencial da ação climática porque o combate às alterações climáticas e a garantia de que nos aproximamos de uma economia neutra em carbono são condições essenciais para a nossa própria sobrevivência como espécie e também Guterres continua a ser o que sempre foi, um paladino dos direitos humanos, da paz, da segurança e do desenvolvimento sustentável.”
Quanto aos desafios do novo mandato, Santos Silva coloca em primeiro lugar a reforma da própria ONU, nomeadamente de organizações como a organização Mundial da Saúde e a Organização Mundial do Comércio. “Julgo também que os desafios que são colocados à segurança e à estabilidade em regiões do mundo que vão desde o Sahel até Myanmar são críticas. E também se espera ou pelo menos eu espero que possa haver uma nova oportunidade para o processo de paz no Médio Oriente porque encontrar uma solução duradoura para o conflito israelo-palestiniano é absolutamente essencial para que a região do Médio Oriente tenha mais estabilidade e mais condições para viver em paz”, afirma Santos Silva.