A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública defende a gratuitidade das vacinas contra doenças evitáveis na idade adulta e que já não integram o Plano Nacional de Vacinação.
Comentando as conclusões do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, divulgado esta quinta-feira pela Renascença, Gustavo Tato-Borges defende que, pelo menos, uma parte dos 245 milhões de euros em custos anuais do Serviço Nacional de Saúde com internamentos por doenças evitáveis na idade adulta, deveria reverter para a gratuitidade de algumas vacinas para a população adulta.
“Se olharmos estritamente para o facto de estarmos a gastar 245 milhões de euros com internamentos que podiam ser evitáveis e que podemos pagar uma fração disso em vacinas e oferecer à população, nós teríamos um ganho em saúde”, assinala Gustavo Tato-Borges.
Para este médico, esta questão deve ser olhada “de uma forma holística” para que possa dar resultados “a médio e longo prazo”.
Tato-Borges reconhece que, “nesta fase do SNS, teríamos de investir este montante em vacinas - não os 245 milhões – mas, com certeza um valor bastante acentuado, e era preciso investir agora para termos ganhos mais à frente”.
Um processo que “terá de ser gradual” e que, na opinião deste especialista, deve começar, de imediato, pela vacina contra a pneumonia, que só é gratuita para bebés.
“Seria muito interessante que pudesse ser oferecida já neste inverno, a todos os adultos com mais de 60 anos, assim como a vacina para o vírus sincicial respiratório”, defende Gustavo Tato-Borges, que lembra a experiência semelhante feita em países como a Espanha, “onde se fez esta vacinação e, no inverno seguinte, tiveram uma redução dos internamentos por doenças respiratórias”.
Uma poupança que o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde permite “poupar dinheiro numa época gripal”, para, mais tarde, “alargar ao HPV, ao herpes Zoster e a outras vacinas que também existem e que podem traduzir-se, a médio prazo, em ganhos para a economia”.
“Se nós não fizermos este investimento gradual, o investimento total nestas vacinas vai ser incomportável nesta fase do SNS, que tem gastos com internamento sociais excessivos, gastos com doenças evitáveis pela vacinação, gastos com doenças associadas ao comportamento, como tabaco, como obesidade, como a alimentação não saudável e a falta de exercício físico”, conclui.