Desde o início da pandemia 56,7% dos psicólogos dizem ter aumentado o volume de trabalho. Dados revelados num estudo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) sobre as condições do trabalho dos psicólogos face à pandemia.
Se antes da pandemia mais de 4% dos profissionais se encontravam desempregados essa percentagem diminuiu, 2 anos depois, devido ao atual aumento de consultas.
Uma situação adversa que mexeu com a saúde mental dos portugueses e que no caso dos jovens fez disparar o consumo de antidepressivos.
É o que revela Ana Sofia Neves, psicóloga e professora universitária.
Em entrevista à Renascença, a psicóloga questiona as medidas que devem ser adotadas para minimizar possíveis efeitos nocivos nos estudantes já que "se devem prolongar a médio e logo prazo".
Tem se verificado "não só um aumento da sintomatologia depressiva, mas também da ansiosa", revela Ana Sofia Neves.
A OPP alerta que a covid-19 veio expor e aumentar algumas fragilidades da sociedade e agravou os níveis de pobreza e assimetrias sociais.
Ora, à Renascença, Ana Sofia Neves, recorda que nem todos os alunos tinham acesso a recursos tecnológicos e isso foi prejudicial para a aprendizagem.
"A pandemia veio agravar quem já estava com dificuldades", salienta a professora e acrescenta "não basta ter um computador, é preciso ter literacia tecnológica".
Com o regresso às aulas presenciais, a professora diz que são notórias as diferenças e dificuldades sentidas pelos estudantes.
Ana Sofia Neves refere os alunos do ensino superior regressaram aos estabelecimentos de ensino, mas "com dificuldades de concentração e atenção".
Depois de vários meses com acesso diário a computadores e telemóveis, a psicóloga conta que "há uma grande dificuldade em desligar das tecnologias e privilegiar o foco nas relações humanas".
A saúde mental é um dos aspetos mais preocupantes que a psicóloga identifica como prioritário o tratamento.
É urgente "não só capacitar os alunos e alunas para o exercício das suas profissões futuras", mas também cuidar e zelar para que o bem estar, a saúde e a qualidade de vida "sejam prioridades".
Ana Sofia Neves admite que há ainda "vergonha em não se estar bem", mas reforça que "não há vergonha em não se estar bem" e é preciso cuidar da saúde mental.