A Deco recebeu na última semana mais de 25 reclamações por dia de consumidores prejudicados por voos cancelados ou adiados nos aeroportos portugueses, sobretudo no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
Desde domingo 3 julho, foram recebidas 211 queixas relativas a voos cancelados "ou adiados por muitas horas", revelou a Deco - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. "A linha whatsapp da Deco não tem parado ao longo destes dias", avança a nota, adiantando ter sido solicitada uma reunião à TAP para mediar os conflitos de consumo.
A associação diz que, sem prejuízo de uma resposta do Ministério das Infraestruturas, "exige" planos de contingência e ser envolvida "na definição de respostas para minorar os danos" dos passageiros.
"A esta situação já caótica, acresce ainda o problema sentido por muitas centenas de passageiros que ficaram sem bagagem", acrescenta, lembrando que, segundo a lei, os consumidores têm direito a uma indemnização "de cerca de 1.600 euros por perda, danos ou atraso".
Nas últimas semanas, tem-se assistido a uma vaga de cancelamentos e perturbações na operação das companhias aéreas e aeroportos, sobretudo devido a falta de pessoal, num contexto de recuperação rápida do transporte aéreo, depois da pandemia.
Na origem dos problemas nos aeroportos, estão falta de pessoal, greves e outros fatores externos agravantes, nomeadamente climáticos, relacionados com a covid-19 ou com imprevistos.
Segundo um estudo elaborado pela Allianz Trade, acionista da Cosec - Companhia de Seguro de Créditos, o cancelamento de voos pode tornar-se no "novo normal na Europa", com as companhias aéreas a terem poucos incentivos para contratar e aumentar massa salarial, numa altura de aumento dos preços dos combustíveis.
No documento lê-se que "os voos cancelados podem tornar-se o novo normal na Europa à medida que as companhias aéreas se esforçam por proteger as margens, num contexto de subida dos preços dos combustíveis" em 89%, no acumulado deste ano.
Assim, tendo em conta que "os salários que representam 25% das receitas (face à média global de 19%), as companhias aéreas europeias têm pouco incentivo para resolverem a escassez de pessoal a curto prazo", indicou a Allianz Trade.
Consequentemente, "as tarifas aéreas estão a disparar na Europa", sendo que "após anos de quedas", o estudo estima que os preços aumentem 21% em 2022, acrescentando que "embora isto faça crescer a receita em +102% em termos homólogos, em 2022, isso não será o suficiente para evitar um terceiro ano consecutivo de prejuízos", de cerca de 9,7 mil milhões de dólares (cerca de 9,4 mil milhões de euros), garantindo que as "companhias aéreas europeias não atingirão o "break-even" até 2023".