O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho considera estranho e diz-se “totalmente surpreso” que se tenha chegado à conclusão de que a Caixa Geral de Depósitos precisa de cinco mil milhões de euros.
“Descobriu-se agora em dois meses, muito convenientemente, prejuízos que o auditor não viu durante oito ou nove anos? Tudo isto é uma história que deixa dúvidas éticas sérias sobre o que se está a passar e políticas, porque é preciso saber porque é que se criou a ideia de que era preciso meter mais cinco mil milhões de euros na Caixa”, afirmou esta segunda-feira de manhã, num evento promovido pelo jornal económico "online" Eco, em Lisboa.
O líder do PSD levantou, por isso, dúvidas: “Porquê? Que implicações é que isso tem para o resto do sistema financeiro?”
Reforçando que neste processo existem "várias coisas que não se percebem", o líder social-democrata conclui que a situação está a criar “uma pressão imensa sobre outros grandes bancos portugueses”.
Não é por ter sido meu ministro…
Passos Coelho garantiu ainda que as críticas ao processo da Caixa não vão parar por Paulo Macedo ir dirigir o banco público.
"Não sei se era essa a intenção do Governo, se era ir buscar um antigo ministro meu para que o PSD deixasse de manifestar preocupações com a Caixa. Se é isso, enganaram-se redondamente no alvo", garantiu.
Caracterizando Paulo Macedo como um "gestor muito competente", "capaz" e "muito sensato", Passos Coelho antecipou que o antigo ministro da Saúde do Governo PSD/CDS-PP fará um bom papel se lhe forem dadas condições, pois é uma pessoa para fazer reformas importante e não para fazer revoluções.
Quanto à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, o presidente social-democrata estimou que o processo dificilmente será feito "antes do Verão do próximo ano", pelo que o Governo terá de encontrar uma alternativa.
"As agências de ‘rating’ estão à espera de ver o que vai acontecer com o capital da Caixa", destacou, considerando que no próprio mercado haverá uma "pressão maior".
Posição divergente sobre a Caixa Geral de Depósitos manifestou esta segunda-feira o Presidente da República, que diz ter confiança reforçada no futuro do banco, agora que Paulo Macedo foi escolhido para suceder a António Domingues. O chefe de Estado acredita que a solução é competente.