O Papa Francisco aterrou esta sexta-feira de manhã no Iraque. A chegada estava prevista para as 11h00, hora de Lisboa, e foi precisamente a essa hora que o avião que transporta o Papa acabou de rolar na pista do aeroporto em Bagdad.
Francisco dá assim início a uma das visitas mais importantes do seu pontificado, e das mais arriscadas, e cumpre um sonho de mais de duas décadas. Foi em 1999 que foi anunciada a primeira visita de um Papa ao Iraque, na altura de João Paulo II, mas esta acabou frustrada por falta de entendimento entre o Vaticano e o regime de Saddam Hussein. Há mais de 20 anos, por isso, que os cristãos do Iraque aguardam uma visita do Papa.
O Papa recebeu diversos avisos para não fazer esta viagem, por causa dos problemas de segurança e também da pandemia, mas insistiu que queria visitar o povo iraquiano, como tinha prometido fazer.
A bordo do voo que o levou de Roma a Bagdad, o Papa Francisco não escondeu a sua alegria em retomar as viagens apostólicas e cumprimentou os repórteres a bordo.
"Estou feliz em retomar as viagens", declarou Francisco nestas declarações aos jornalistas que acompanham uma viagem histórica.
O Papa considera que esta visita "é um dever rumo a uma terra martirizada por tantos anos" de guerras, terrorismo e conflitos sangrentos.
O Santo Padre fez questão de, protegido com máscara e cumprindo as normas anti-covid, saudar todos os jornalistas e profissionais a bordo. "Não quero ficar longe, vou passar para cumprimentá-los mais de perto", sublinhou, agradecendo a "companhia".
Durante a viagem, o Santo Padre também recebeu o prémio "Maria Grazia Cutuli" pelo seu papel de "enviado especial" em nome da fé, da fraternidade e da paz.
A viagem terá a duração de quatro dias e inclui vários momentos com os cristãos do Iraque, que têm sido duramente perseguidos ao longo das últimas décadas, bem como momentos de diálogo inter-religioso, incluindo um encontro a sós com o líder supremo dos xiitas no Iraque, o Ayatollah Ali al-Sistani.
Francisco visita Bagdad e também a região autónoma do Curdistão Iraquiano e o seu programa inclui uma ida a Qaraqosh, a maior cidade inteiramente cristã do Iraque.
À chegada ao aeroporto o Papa foi recebido pelo primeiro-ministro Mustafa al-Kadhimi, com quem conversou em privado durante alguns minutos.
Depois das cerimónias protocolares no aeroporto, Francisco será recebido no Palácio Presidencial de Bagdad, onde se encontrará com o Presidente em privado.
Às 12h45, hora de Portugal continental, Francisco terá ainda um encontro com as autoridades, representantes da sociedade civil e corpo diplomático no Iraque, ainda no palácio presidencial, e o programa desta sexta-feira termina com um encontro com bispos, padres, religiosos, religiosas, seminaristas e catequistas na catedral siro-católica de Nossa Senhora da Salvação, um lugar simbólico, que foi palco de um massacre de cristãos durante uma liturgia, em 2010. Esse encontro está marcado para as 13h45.