Irão afirmou esta segunda-feira ter capturado por violação das normas marítimas internacionais o cargueiro MSC Aries, de bandeira portuguesa e com registo na Região Autónoma da Madeira, propriedade da empresa Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.
“O navio foi direcionado para águas territoriais iranianas devido à violação dos regulamentos marítimos internacionais e à falta de resposta às autoridades iranianas“, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, numa conferência de imprensa.
O diplomata afirmou que o navio “pertence ao regime sionista”, referindo-se assim a Israel, e está a ser investigado pelas “autoridades competentes”.
Kanaani garantiu que o Irão está “comprometido com a livre navegação no Estreito de Ormuz”, de acordo com o direito internacional.
“O Irão está a vigiar todo o tráfego nesse estreito estratégico no âmbito da proteção dos seus interesses nacionais e soberania territorial e tem controlo total e responsável de todos os elementos de entrada e saída”, disse o porta-voz.
A Guarda Revolucionária do Irão capturou o navio de carga associado a Israel no Golfo Pérsico no sábado, horas antes de lançar um ataque com mísseis e ‘drones’ contra Israel.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, descreveu a captura do navio como uma “operação de pirataria”.
A Índia, por sua vez, pediu ao Irão que garantisse a segurança dos 17 indianos a bordo do navio capturado.
O embaixador de Portugal em Teerão, Carlos da Costa Neves, reuniu-se no domingo com o chefe da diplomacia do Irão, Hossein Amirabdollahian, para obter esclarecimentos sobre a captura do navio com pavilhão português no Estreito de Ormuz.
Na sequência desse encontro, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse à Lusa que “o Governo continua a desenvolver todas as diligências previstas e adequadas”.
“Atendendo ao novo contexto e à sensibilidade da situação, é aconselhável manter reserva“, acrescentou a fonte do MNE, não dando mais pormenores sobre o encontro.
Questionada sobre se o Governo português pondera ou não agravar as medidas diplomáticas face a este incidente, a mesma fonte disse que essa hipótese não está excluída, tendo em conta o “constante acompanhamento e evolução” da situação.
O navio com pavilhão português, um porta-contentores, foi apreendido no sábado pelo Irão perto do Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, com um total de 25 tripulantes a bordo. O porta-contentores capturado está ligado à empresa Zodiac Maritime, parte do Grupo Zodiac, com uma frota de mais de 180 navios e pertencente ao bilionário israelita Eyal Ofer.
O navio saiu de Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Nhava Sheva, na Índia, e a última posição recebida foi sexta-feira, exatamente no mesmo local perto do Estreito de Ormuz onde foi apresado.