A greve dos médicos mantém-se apesar da nova proposta do Governo para os médicos nas urgências hospitalares, disse esta quinta-feira o ministro da Saúde, no final de uma reunião com os sindicatos. Manuel Pizarro fala numa "proposta de grande valor".
“Pela nossa parte, estávamos disponíveis para voltar à mesa de negociação para aprofundar este trabalho ainda mais cedo. Achamos que isso era melhor para o Serviço Nacional de Saúde e era melhor também para os médicos, mas temos que respeitar a vontade do sindicato em concretizar mais uma jornada de greve”, disse Manuel Pizarro aos jornalistas.
O ministro da Saúde diz que o sindicato decide manter a greve "num cenário em que há um progresso claro nas negociações" e em que "há uma manifestação enorme de abertura do Governo nas negociações".
"Estamos a propor algo que tem como prioridade melhor o acesso dos portugueses à Saúde e requalificar o Serviço Nacional de Saúde, mas acho que é uma proposta de enorme valor também na valorização da profissão médica", argumenta Manuel Pizarro.
O Ministério da Saúde prevê, na proposta apresentada esta quinta-feira aos sindicatos, um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de poderem optar pelas 35 horas semanais.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) já tinha convocado uma greve para a próxima semana, a 17 e 18 de outubro.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) mantém a greve às horas extraordinárias.
Na quinta-feira da próxima semana haverá uma nova ronda negocial entre Ministério da Saúde e os sindicatos dos médicos.
Em declarações à Renascença, Roque da Cunha, do SIM, diz que houve aproximação na reunião desta quinta-feira, mas ainda não vai ao encontro das reivindicações dos sindicatos.
O SIM quer um aumento transversal para todos os médicos, mas diz que a proposta do Governo abre caminho ao compensar a penosidade das horas extra.
Roque da Cunha refere que só quando tiverem proposta por escrito é que decidirão o que fazer.
Joana Bordalo e Sá, da FNAM, considera que a proposta do Governo mostra boa vontade, mas ainda não chega.
A FNAM defende a reposição das 35 horas semanais para todos os médicos do Serviço Nacional de Saúde.
A FNAM considera "inaceitável" que a proposta de dedicação plena do Governo inclua a obrigatoriedade de 250 horas extraordinárias.