Futuro pós-Covid. Vem aí a "desglobalização"? Quem lucra com o coronavírus?
25-07-2020 - 09:09
 • Sandra Afonso

Três autores mergulham na pandemia para tentar antever o que nos espera. Sugestões de leitura para navegar a atualidade.

A vida como a conhecemos acabou. É o que defende Ivan Krastev.

No livro “O Futuro por contar – como a pandemia vai mudar o nosso mundo”, editado pela Objetiva, o politólogo búlgaro defende que é normal que esta pandemia caia no esquecimento, como aconteceu a tantas outras registadas na história, mas “o mundo sofrerá uma mudança profunda, não porque as sociedades assim o desejem ou por haver consenso quanto à direção da mudança, mas porque não será possível voltar atrás”.

Mas não é essa a tendência, sempre que algo terrível e impactante acontece? Não necessariamente, responde no livro, assumindo que é desconcertante tentar antever a direção da mudança.

O investigador do Instituto de Ciências Humanas de Viena dá como exemplo o projeto europeu, que arrisca a desintegração, dependendo da resposta que for dada à Covid-19. “Serão as democracias ou os regimes totalitários a lidar melhor com a democracia?”, questiona Krastev

Se podemos dar um mérito a esta pandemia, foi ter-nos obrigado a parar, a redefinir o essencial.

Ivan Krastev rejeita ter escrito uma previsão do pós-Covid ou um manifesto do que deverá ser o futuro. Descreve este livro como “um longo ensaio” sobre a Europa, porque “será na Europa que a Covid-19 terá o seu impacto político mais radical”. Desde sempre ameaçada pela globalização, a União Europeia enfrenta agora a “desglobalização”.

Neste livro, que se lê de uma assentada, Krastev analisa ainda a cooperação internacional e a coesão nacional no futuro pós-Covid, onde haverá também lugar para novos autoritarismos.

Voltar ao aperto de mão

Outro ensaio já nas livrarias é o do filósofo Bernard-Henri Lévy, que em “Este vírus que nos enlouquece”, da Guerra e Paz, fala dos efeitos do confinamento nas democracias e faz um balanço da crise sanitária.

O autor contesta os que defendem a ideia de recomeço após esta pandemia, de que “nada deve ser como antes”, os que querem usar o novo coronavírus como argumento para destruir o melhor da civilização ocidental. O filósofo diz que os “usurários da morte” e os “tiranos da obediência” querem estrangular a liberdade dos cidadãos, com a urgência sanitária e o delírio higienista imposto pela pandemia.

Lévy conclui que estamos perante “o Primeiro Medo Mundial” e um vento de loucura assola o planeta. Através do pensamento, da história e da filosofia, promete ajudar os leitores a enfrentarem com racionalidade esta pandemia.

É um ensaio que defende a vida em plenitude, de portas abertas e bagagens em movimento. Um livro "contra um mundo refém do medo, mas com confiança no aperto de mão, nos abraços e nas viagens".

A Origem

É uma discussão que continua em lume brando e promete não abrandar, mesmo após a distribuição de uma vacina – como surgiu este vírus?

Contra a informação falsa e para responder a muitas dúvidas que têm surgido, o jornalista russo Igor Prokopenko, autor de investigações científicas e políticas, reuniu em livro respostas e perguntas que diz serem essenciais neste momento.

Coronavírus: um Vírus Assassino – vírus desconhecido ou arma biológica?”, editado pela Marcador, começa por Wuhan, a origem do surto e a ligação chinesa aos piores vírus mundiais.

Prokopenko aponta ainda as falhas na versão oficial sobre a covid-19, deixa várias respostas (algumas curiosas) a dúvidas práticas e analisa a chamada teoria da conspiração. Esta é uma questão aprofundada de várias perspectivas, onde o leitor nunca pode esquecer a origem russa do autor.

No fim, o livro segue o rasto do dinheiro, quem está a lucrar com esta pandemia e como vai ficar a economia mundial. Quem levou o vírus para a China? Como reagiu a finança chinesa a este vírus? Quem está a incitar o pânico? Como vão ficar as relações entre as principais potências após a pandemia?

Porque não gostamos de spoilers, para descobrir as respostas terá de consultar o livro.