As ondas de calor como aquela que está atualmente a atingir o norte da Europa vão tornar-se cada vez mais frequentes nos próximos tempos.
A garantia é de uma equipa de cientistas que, esta sexta-feira, apresentou um estudo preliminar, citado pelo jornal britânico "The Guardian", segundo o qual o aquecimento global está a acelerar a frequência e a intensidade das ondas de calor. A manter-se esta tendência, dizem, por volta de 2040 este fenómeno deverá correr ano sim, ano não, e de forma cada vez mais violenta.
Friederik Otto, da Universidade de Oxford, afirma que “o que era visto como um fenómeno extraordinário já é, em muitos caso, usual, e tende a tornar-se comum. A sociedade deve estar preparada para lidar com isso, mas também deve fazer tudo para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa o mais rapidamente possível.”
Aumentam as provas da culpa das alterações climáticas
O estudo compara fenómenos climáticos extremos e medições feitas ao longo do tempo com modelos informáticos que permitem simular um clima intocado pelas emissões de carbono. Com esta análise, os cientistas conseguem perceber de que forma o aquecimento global está a interferir com o clima.
Os investigadores analisaram os três dias mais quentes de sempre em sete estações meteorológicas do norte da Europa, da Irlanda à Holanda, passando pela Escandinávia, e constataram que as temperaturas escaldantes agora registadas não têm precedente.
As evidências desta ligação entre as ondas de calor e as alterações climáticas não são novas. Ainda há um ano foram constatadas na Austrália e nos países mediterrânicos da Europa. Nos Estados Unidos, o furacão Harvey também foi três vezes mais violento devido às alterações climáticas.
Norte da Europa passou de verde a castanha num mês
Já este verão, um calor sem precedentes atingiu, por exemplo, o Japão e Taiwan, com temperaturas acima dos 41 graus. No deserto do Sahara, a temperatura chegou aos 51,3C.
A onda de calor que tem atravessado o norte da Europa tem deixado, consequências ao nível da vegetação no solo. Uma imagem animada da Agência Espacial Europeia mostra como, no espaço de apenas um mês, a vegetação vista do espaço mudou significativamente de cor.
Em 31 dias, entre junho e julho deste ano, parte do solo no norte da Europa passou de quase na totalidade verde para castanho, mostrando o impacto agressivo da onda de calor na natureza.
Os primeiros seis meses de 2018 foram os mais quentes num ano sem El Niño, um fenómeno climático natural que provoca sempre um aumento das temperaturas.