O Colégio de Ginecologia/Obstetrícia da Ordem dos Médicos considera que a nova orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS), sobre cuidados no parto, “suscita dúvidas sobre questões relevantes, que podem comprometer de forma global o fluxo dos procedimentos, incluindo em termos de segurança”.
Em causa está a orientação que prevê, entre outros pontos, que o internamento hospitalar, nas situações de baixo risco, "pode ser realizado por um médico de obstetrícia e ginecologia ou por um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica”.
Num parecer técnico divulgado esta quarta-feira, a direção do Colégio considera que esta orientação apresenta pontos “relacionados com a definição de responsabilidades que poderão ser passíveis de comprometer gravemente a dinâmica das atuais equipas de profissionais médicos e de enfermagem”.
Alerta que que “poderá levar a uma desarticulação das atuais equipas de profissionais”, criando uma “divisão do que deve ser um trabalho de uma equipa de profissionais, liderada por especialistas de Ginecologia-Obstetrícia, com médicos e enfermeiros do mesmo lado”.
A fragmentação em duas equipas demasiado autónomas, de médicos ou enfermeiros separados, e a indefinição das responsabilidades de cada uma delas durante o parto é “passível de comprometer gravemente a dinâmica das atuais equipas”, lê-se no documento.
O Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia reafirma assim a discordância com a Orientação no seu formato atual. Sendo que a Ordem dos Médicos já tinha pedido a sua revogação.
Esta quarta-feira, o bastonário Carlos Cortes reafirmou que a Ordem dos Médicos "não foi envolvida" como devia "numa matéria que é eminentemente técnica de segurança das grávidas, das mães e das crianças".