O presidente da Automóvel Clube de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, acusa o Governo de “cativar dinheiro” que devia ser usado em campanhas de sensibilização rodoviária.
“O grande problema do desastre que houve neste Natal está relacionado com as campanhas”, começa por dizer Carlos Barbosa, que acusa o Estado de ficar com dinheiro dos seguros: 4% vão para o fundo de garantia automóvel para pagar a quem não tem seguro e 50% deveriam ser usados para fazer campanhas rodoviárias.
“Há quatro anos que esse dinheiro não aparece para se fazerem campanhas, nem através da Prevenção Rodoviária, nem através da sociedade civil”, diz o presidente do ACP, lembrando que essa verba não pertence ao Orçamento do Estado, mas aos portugueses.
Na sua opinião, sempre que há campanha rodoviárias intensas os números diminuem.
“O Estado é o grande responsável moral de todos estes acidentes”, sublinha.
Nestas declarações à Renascença, Carlos Barbosa aponta ainda outras razões para os números preocupantes da sinistralidade rodoviária.
O facto do corpo da Brigada de Trânsito da GNR estar complemente desintegrado; exames extremamente permissivos; ensino da condução que já devia ter sido revisto e um Código da Estrada desadaptado à realidade.
“As pessoas vão continuando a circular sem consciência e não são chamadas à atenção. Portanto, continuam a guiar como loucos e matam-se este ano 14 pessoas...que é um número inaceitável”, remata.
Termina esta quarta-feira a operação de Natal da GNR, que regista já o balanço mais negativo dos últimos anos. Desde sexta-feira foram contabilizadas 14 vítimas mortais, sendo preciso recuar a 2014 para encontrar um número de vítimas tão elevado nesta época do ano.
Carlos Barbosa alerta ainda para o excesso de lotação de muitos carros, principalmente dos emigrantes, mas chama a atenção para o estado de muitas vias.
“É fundamental serem reparadas, mas se não há dinheiro para os hospitais como pode haver dinheiro para as estradas? As cativações que o ministro Centeno faz…devia preocupar-se obviamente com isto, mas apenas estão preocupados em ser bons alunos na Europa, e não estão preocupados com o bem-estar dos portugueses”.