A chegada maciça de mais de oito mil migrantes a Ceuta, esta semana, deixou imagens do drama humano que dificilmente serão esquecidas.
Entre elas, o momento em que um membro da Guarda Civil salvou um bebé de se afogar no mar e o de uma voluntária da Cruz Vermelha que abraçou um jovem desconsolado após ter atravessado a fronteira.
Se a primeira foi amplamente aplaudida, a segunda provocou ameaças e insultos racistas e xenófobos, o que levou a jovem mulher a restringir o acesso às suas redes sociais. Paralelamente, contra este ódio, chegou uma avalanche de apoio liderada pela própria organização humanitária.
Luna, uma jovem de 20 anos de Mostoleña, que está a tirar uma licenciatura em Integração Social e a estagiar em Ceuta, reconheceu na estação espanhola de rádio SER que se sente muito sobrecarregada. "Tem sido uma experiência muito difícil", explicou sobre a situação migratória.
Também, através de um vídeo postado na sua conta do Twitter, Luna admitiu que não acredita em Deus, mas que tem a certeza que se vivesse as situações por que estas pessoas passaram, acreditaria.
Na TVE, televisão pública espanhola, Luna minimizou a importância do seu gesto: "Só lhe dei um abraço. Dar um abraço a alguém que pede ajuda é a coisa mais normal do mundo".
Entre segunda e terça-feira, mais de oito mil migrantes entraram em Ceuta, perante a passividade das autoridades marroquinas. Entre eles, 1.500 menores, 800 dos quais não acompanhados.
Por lei, a Espanha não pode devolver menores não acompanhados, a menos que os seus pais o solicitem.
Cerca de 5.600 adultos dos oito mil marroquinos que conseguiram chegar ao enclave de Ceuta foram expulsos do país.
Enquanto os migrantes eram submetidos a testes Covid-19 fora do armazém onde foram colocados, a Cruz Vermelha entregava comida e água aos menores. As autoridades retiraram os menores do armazém e não disseram para onde os iriam levar.
Antes do afluxo maciço em Ceuta esta semana, a Espanha já tinha oito mil migrantes menores registados no território.