Meryl Streep subiu ao palco da 74ª edição dos Globos de Ouro, na madrugada desta segunda-feira, para receber o prémio Carreira. Num discurso emotivo, a actriz comentou a política dos Estados Unidos e condenou, sem nunca pronunciar o seu nome, o novo Presidente norte-americano.
"Este ano, houve um desempenho que me impressionou e não pelas melhores razões: o momento em que a pessoa que se senta no lugar mais respeitado do nosso país imitou um jornalista com deficiência, alguém sobre quem tinha superioridade no privilégio, no poder e da capacidade de ripostar. Desfez-me o coração quando vi isso e ainda não consegui esquecer, porque não foi num filme, foi na vida real", afirmou.
"Este instinto para humilhar, quando é efectivado por alguém da esfera pública, alguém poderoso, infiltra-se na vida de todos, porque dá permissão aos outros para fazerem a mesma coisa. Desrespeito provoca desrespeito. Violência gerar violência”, avisou a consagrada actriz, recordando uma situação protagonizada por Donald Trump, o Presidente eleito dos EUA.
“Quando os poderosos usam a sua posição para fazer bullying, todos perdemos”, rematou.
“Vocês e todos nós nesta sala pertencemos verdadeiramente aos segmentos mais vilipendiados da sociedade norte-americana neste momento. Pensem nisso. Hollywood, estrangeiros e a imprensa”, disse em tom de piada.
Na sua intervenção deu exemplos de actores que não nasceram nos Estados Unidos, para dizer que “Hollywood é diversidade” e que sem ela, qualquer dia, não haverá mais do que futebol americano e artes marciais. “Mas quem somos nós? E o que é Hollywood, de qualquer forma? Um monte de pessoas de outros sítios. Hollywood está cheia de forasteiros e estrangeiros.”
O musical de Damien Chazelle, "La La Land: Melodia de Amor", ganhou sete prémios: dominou a categoria de Comédia ou Musical com os prémios de Melhor Filme, Actor (Ryan Gosling), Actriz (Emma Stone) e recolheu ainda distinções pela Realização, Argumento, Banda Sonora e Canção.
O vencedor de Melhor Filme Dramático foi "Moonlight", que recebeu o único globo dos seis para que estava nomeado.
A assinalar ainda as vitórias de Aaron Taylor Johnson como Melhor Actor Secundário por "Animais Nocturnos" e Isabelle Huppert como Melhor Actriz em Drama por "Ela", que foi ainda considerado o Melhor Filme Estrangeiro (que não pode repetir nos Óscares, já que não chegou ao grupo de nove finalistas de onde vão sair os cinco nomeados na categoria).
Nas restantes categorias de interpretação os prémios foram os esperados: Viola Davis foi a Melhor Actriz Secundária por "Vedações" e Casey Affleck o Melhor Actor por "Manchester by the Sea".
"Zootrópolis" ganhou o prémio de Melhor Filme de Animação.
Em televisão, “The Crown”, que acompanha em cada temporada uma década do reinado de Isabel II, recebeu o prémio para melhor série de drama. Também valeu um Globo de Ouro para Melhor Actriz à actriz-revelação Claire Foy, pela interpretação da jovem monarca no período imediatamente antes e após a coroação.
"Atlanta" também deu um segundo prémio como actor em comédia a Donald Glover e o de actriz foi para Tracy Ellis Ross por "Black-ish".
Nas minisséries, "O Caso de O.J. – American Crime Story" ganhou apenas dois Globos: Melhor Minissérie e Melhor Atriz (Sarah Paulson).
"O Gerente da Noite", a minissérie adaptada da obra de John Le Carré, conquistou três prémios: Melhor Actor em Minissérie/Telefilme (Tom Hiddleston), Melhor Actor secundário em Minissérie/Telefilme (Hugh Laurie) e Melhor Actriz Secundária em Minissérie/Telefilme (Olivia Colman).