O candidato a secretário-geral do PS Daniel Adrião defende uma reforma da lei eleitoral para introduzir o voto nominal e promete deixar a liderança dos socialistas se for primeiro-ministro, em nome da separação entre Estado e partido.
Daniel Adrião assumiu estas posições em declarações aos jornalistas, na sede do PS, em Lisboa, depois de formalizar a sua candidatura e entregar a respetiva moção.
"Sou candidato oficial à liderança do PS. Não há dois, há três candidatos. E eu espero que daqui para a frente não haja informações acerca de dois candidatos apenas", afirmou o socialista, que vai disputar as diretas de 15 e 16 de janeiro com José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos.
Adrião acrescentou que se apresenta a estas eleições internas com os objetivos de "elevar Portugal" e de "devolver o PS aos seus militantes e à sua base social de apoio" e quer promover "uma agenda estratégica de médio-longo prazo que coloque Portugal no pelotão da frente da União Europeia no horizonte de uma geração".
Interrogado se os outros candidatos não elevam Portugal, o candidato respondeu: "Eu acho que os outros candidatos estão em menos condições para cumprir esse grande desígnio, porque é preciso renovar, é preciso regenerar, é preciso abrir um novo ciclo com novos protagonistas, e eu penso que corporizo melhor essa mudança."
Entre os temas que a sua candidatura pretende levar a debate, Daniel Adrião destacou a "reforma da lei eleitoral, uma reforma adiada há décadas em Portugal", para "que haja voto preferencial, voto nominal".
No seu entender, o atual sistema eleitoral português "está completamente obsoleto, é até aberrante no contesto dos sistemas europeus".
"Só em dois países [da União Europeia], em Portugal e Espanha, é que existe um sistema eleitoral de listas fechadas e bloqueadas. É uma aberração e nós temos de acabar com isso, porque isso significa que os cidadãos portugueses têm menos direitos eleitorais do que a generalidade dos cidadãos europeus", apontou.
Questionado se ainda quer ver Mário Centeno como candidato do PS a primeiro-ministro nas eleições legislativas antecipadas de 10 de março, posição que assumiu internamente numa reunião da Comissão Política, Daniel Adrião considerou que "era um bom nome", mas que essa "é uma questão resolvida: Mário Centeno é governador do Banco de Portugal, não vai ser candidato a primeiro-ministro".
"Se ganhar as eleições do PS, serei candidato a primeiro-ministro. Se for eleito primeiro-ministro, sairei da liderança do PS porque não concordo com a acumulação de funções entre secretário-geral e primeiro-ministro", prometeu. "Teremos de eleger depois um novo secretário-geral em eleições diretas", acrescentou.
Daniel Adrião declarou-se defensor de "uma separação entre o aparelho do Estado e o aparelho do partido", alargada a "todos os membros do Governo, que não devem acumular funções de direção executiva do partido".
"É uma boa prática que existe em vários países da União Europeia, designadamente na Alemanha e na França", referiu.