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Assunção Cristas recorda Adriano Moreira como um homem que se manteve sempre coerente e fiel aos seus valores, independentemente dos tempos e mesmo quando teria sido "mais fácil" abdicar deles.
O antigo presidente do CDS morreu, este domingo, aos 100 anos. Era o político mais longevo da Democracia portuguesa. Em declarações à Renascença, a também antiga líder centrista revela que o que mais a inspirava em Adriano Moreira era a "enorme coerência e grande fidelidade aos valores e aos princípios em que sempre acreditou".
"Adriano Moreira teve intervenção na vida pública e política portuguesa em momentos muito distintos, muito diferentes da nossa história, e, no entanto, fê-lo sempre com uma grande coerência e fidelidade aos princípios e valores em que acreditava. Isso é uma qualidade rara. É difícil. Certamente que em muitos momentos ter-lhe-ia sido mais fácil seguir outros caminhos, mas ele mostrava a extraordinária capacidade de, estando muitas vezes para lá do seu tempo, interpretá-lo sempre à luz daquilo que é imutável e que guiava a sua vida", enaltece.
Assunção Cristas também homenageia "um homem de profunda fé, de profunda gratidão a Deus e com um centro claro na sua família".
"Penso que também é de realçar, porque são esses os valores que ele vivia, dos quais dava exemplo e que influenciavam, também, toda a sua ação pública", explica a antiga presidente do CDS.
Adriano Moreira viveu, académica e politicamente, entre dois regimes: foi ministro do Ultramar no Estado Novo, de 1961 a 1963, e presidente do CDS em democracia, de 1986 a 1988. Foi deputado entre 1980 e 1995.