"A Casa Diocesena de Vilar, ao longo destes 25 anos, tem prestado um serviço extraordinário à Diocese do Porto." Quem o garante é o seu diretor, o Padre Samuel Guedes, que à Renascença lembra que a estrutura foi construída "para criar espaços para os movimentos pastorais da diocese", mas também "tem servido para a organização de muitos congressos, muitas iniciativas privadas".
É nesse contexto que, com o arranque das celebrações dos 25 anos do seminário, a Casa Diocesana de Vilar recebe esta quarta-feira o Cardeal Angelo Becciu, prefeito da congregação para a causa dos santos, que protagonizará uma conferência subordinada ao tema "A Santidade no Magistério do Papa Francisco".
Em conversa com a Renascença, o Cardeal Becciu levanta o véu sobre o evento desta noite.
"Venho falar sobre a santidade em geral na vida da Igreja e, em concreto, à luz da Exortação Apostólica do Papa Francisco, a Alegria do Evangelho, que aborda o anúncio do Evangelho no mundo atual e da Exortação Alegrai-vos e Exultai, que o Papa Francisco escreveu sobre a vocação à santidades dos homens e das mulheres do nosso tempo."
Em concreto, adianta, a conferência irá focar-se em "como são realistas os santos e como aderem ao Evangelho, mantendo-se fiéis, no fundamental, às suas raízes culturais" e "como através da alegria, evangelizaram e evangelizam e como e porquê a Igreja é, de facto, uma comunidade de homens e mulheres pecadores e santos".
E que atualidade podem os santos portugueses dar-nos, uma vez que todos viveram em contextos menos secularizados do que aqueles em que nós vivemos hoje?
"Os santos portugueses, já canonizados ou ainda em processo canónico, poderão continuar a ser pontos de referência de como viver integral e coerentemente o Evangelho", responde o Cardeal Angelo Becciu.
"Penso que nunca foi fácil ser santo, mesmo em contextos menos secularizados como os eram os do passado. Os santos e santas tiveram sempre de lidar com as suas próprias contradições, de trabalhar o seu caráter, aperfeiçoar a sua sensibilidade e vontades próprias. Procurar Deus é sempre difícil. Nenhum santo ou santa nascem como tal. Todas as circunstâncias e contextos – mesmo os aparentemente mais cristãos, como os conventos, por exemplo – contêm desafios à fé e à prática das virtudes cristãs."
Para o prefeito para a causa dos santos, "eles e elas podem ensinar aos homens e mulheres de hoje que, independentemente das dificuldades e das 'facilidades' em se viver e propor o ideal que é Cristo, este é e continuará a ser o único Caminho a percorrer, a Verdade a seguir e a Vida a alcançar, com tudo o que implica de decisões a tomar na vida - das mais corriqueiras, do dia a dia, às mais graves, que decidem sobre cada um de nós mas com implicações a nível comunitário e social".
Para o Cardeal Becciu, "os santos e santas são verdadeiros ícones da presença de Cristo na Igreja e na sociedade" e, "quando esta presença é coerente, é sempre difícil, é sempre sinal de contradição". Mesmo assim, ensinam-nos "que a santidade é alcançável e é um caminho também de agradáveis surpresas, que Deus percorre nos tempos e na história, com homens e mulheres de todas as idades e condições sociais, que se entregando incondicionalmente a ele, tornam os seus ambientes luminosos com o Bem que fazem e com a Paz que difundem".
A Santidade nas bodas de prata do Seminário de Vilar
Inaugurada a 1 de Julho de 1995 pelo então bispo diocesano, D. Júlio Tavares Rebimbas, a Casa Diocesana de Vilar surgiu da necessidade de equipar a diocese de um centro pastoral.
E para assinalar o aniversário, a diocese do Porto decidiu organizar um conjunto de conferências que relevassem "alguns dos pilares do pontificado do Papa Francisco", como são o caso da santidade, a pobreza, a ecologia, a misericórdia, o ecumenismo".
A santidade no magistério do Papa Francisco é o tema da conferência, marcada para as 21 horas desta quarta-feira, um tema que não é fruto do acaso. "A diocese tem várias causas em processo de beatificação no Vaticano”, lembra o Padre Samuel Gueres, diretor da Casa. A este propósito, recorda que recentemente “foi proclamada a heroicidade e virtude do nosso querido Padre Américo”, pelo que “não podíamos deixar de ter neste conjunto de conferências esta temática da santidade”.