O Papa Francisco elogiou esta quarta-feira os progressos do diálogo inter-religioso, nomeadamente envolvendo a Igreja Católica, no 50º aniversário da declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II, que marcou uma mudança de postura da Igreja neste campo.
Francisco sublinhou em particular o diálogo com os muçulmanos e, de forma especial, os judeus. “Agradecemos de forma especial a Deus pela verdadeira transformação que houve nestes 50 anos no diálogo entre cristãos e judeus. A indiferença e a oposição transformaram-se colaboração e benevolência. De inimigos e estrangeiros tornámo-nos em amigos e irmãos”, afirmou.
Este novo clima de diálogo permite aos fiéis de todas as religiões unirem-se em certas causas e assim corresponder às expectativas do mundo. “O mundo olha para nós, crentes, e convida-nos a colaborar uns com os outros e com os homens e mulheres de boa vontade que não professam qualquer religião, pede-nos respostas reais sobre muitas questões: a paz, a fome, a pobreza que afecta milhões de pessoas, a crise ambiental, violência, especialmente aquela cometida em nome da religião, a corrupção, a decadência moral, a crise da família, a economia, as finanças, e, sobretudo, esperança.”
“Acreditamos que temos receitas para estes problemas, mas temos um grande recurso: A oração. E nós crentes orar. Precisamos orar. A oração é o nosso tesouro, a que recorremos de acordo com as suas tradições, pedindo os dons pelos quais a humanidade anseia”, disse ainda Francisco.
Neste seu discurso, feito durante a tradicional audiência geral das quartas-feiras, na qual participaram representantes de diversas religiões, o Papa não deixou de referir os temas mais complicados, como o extremismo religioso.
“Por causa da violência e do terrorismo, difundiu-se uma atitude de suspeição ou mesmo de condenação das religiões. Na verdade, apesar de nenhuma religião ser imune ao risco de desvios por parte de indivíduos ou grupos fundamentalistas ou extremistas, temos de olhar para os valores positivos que estas vivem e que propõem, e que são fontes de esperança.”
Entre estes valores positivos, referidos no Nostra Aetate, inclui-se “a procura humana de um sentido para a vida, para o sofrimento, a morte, interrogações que sempre nos acompanham”.