A greve dos médicos decretada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) teve uma adesão média de 95%, no segundo e último dia da paralisação, de acordo com a presidente do sindicato.
Joana Bordalo e Sá adiantou à agência Lusa que a forte adesão dos dois dias de greve - 90% no primeiro dia e 95% no segundo - "mostra a união dos médicos e o descontentamento" da classe face às políticas no setor e à falta de resposta às reivindicações dos sindicatos.
Segundo a sindicalista, a maioria dos blocos operatórios estiveram hoje fechados, obrigando ao adiamento das cirurgias programadas, com exceção dos das urgências, que funcionaram normalmente com os serviços mínimos decretados.
Joana Bordalo e Sá disse que as consultas em centros de saúde tiveram uma adesão superior a 90%; em muitas Unidades de Saúde Familiar registou-se uma adesão de 100% e as consultas hospitalares paralisaram acima dos 90%.
A presidente da FNAM disse ainda que na sexta-feira o sindicato vai ter uma reunião no Ministério da Saúde para entregar uma contraproposta à do Governo e manifestou a esperança de que "haja bom senso para alcançar um acordo de princípio que seja digno para os cuidados de saúde que os médicos querem prestar à população".
Os médicos iniciaram às 00h00 de quarta-feira dois dias de greve para exigir, de acordo com a FNAM, "salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um Serviço Nacional de Saúde (SNS) à altura das necessidades" da população.
Apesar de as duas últimas reuniões negociais com o Ministério da Saúde estarem agendadas para 7 e 11 de julho, a federação decidiu manter a paralisação, que se estende até às 24h00 de hoje, face "ao adiar constante das soluções" e "à proposta insatisfatória" que recebeu do Governo, não excluindo uma nova greve nacional na primeira semana de agosto.
Esta é a segunda greve convocada pela FNAM este ano, depois da paralisação realizada no início de março para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, mas que não contou com o apoio do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que se demarcou do protesto por considerar que não se justificava enquanto decorriam negociações com o Governo.
Após ter terminado o prazo inicialmente previsto para as negociações no final de junho, na semana passada o SIM anunciou também uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra "a incapacidade" do Governo em "apresentar uma grelha salarial condigna".