O Banco de Portugal (BdP) prevê que a inflação suba para 5,9% este ano, igualando o cenário anteriormente considerado adverso e acima dos 4% do cenário-base de março, antes de cair para 2,7% em 2023 e 2% em 2024.
No Boletim Económico de junho, hoje divulgado, o BdP explica que "o aumento recente da inflação reflete sobretudo pressões externas", assinalando que, mesmo excluindo energéticos, o deflator das importações de bens deverá apresentar uma taxa de crescimento próxima de 11% em 2022, desacelerando para cerca de 1,8% em média em 2023-24.
"A tendência ascendente dos preços externos - iniciada em 2021 com o impacto da recuperação rápida da procura global e reação mais lenta da oferta - acentuou-se com a invasão russa da Ucrânia", refere o documento, que alerta para este impacto nomeadamente nos produtos energéticos e alimentares.
No entanto, as projeções do BdP baseiam-se na informação disponível até dia 17 de maio, pelo que o governador do regulador bancário, Mário Centeno, admitiu, durante a conferência de imprensa de apresentação do boletim, que com o valor de maio e novos dados das hipóteses externas, a previsão da inflação para este ano poderia significar uma revisão para 6,4%.
Em março, a instituição liderada por Mário Centeno estimava que a inflação aumentasse em 2022 para 4%, antes de se reduzir para 1,6% em 2023 e 2024, mas num cenário adverso projetava que a inflação atingisse 5,9% em 2022, 2% em 2023 e 1,9% em 2024.
Hoje, o BdP sublinha que os preços continuarão a subir de forma acentuada por mais tempo do que se esperava anteriormente, mas a subida será menos pronunciada em 2023 e 2024.
O supervisor prevê a dissipação das pressões inflacionistas externas a partir de meados de 2022, implicando um perfil de desaceleração do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor em 2023-24 "extensível às componentes energética e não energética, mas mais marcado no primeiro caso".