As consequências dos incêndios ao nível ambiente vão levar décadas a recuperar. A estimativa é da bióloga Ana Rita Martins, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Em declarações ao programa Carla Rocha – Manhã da Renascença, Ana Rita Martins mostrou-se preocupada com a situação em que ficaram milhares de hectares da floresta portuguesa.
“Para voltar ao seu estado original podemos falar de décadas. Muitas vezes passado um, dois anos do incêndio já vemos uma mancha verde novamente a surgir, mas muitas vezes são espécies que não são as típicas daquele tipo de habitat”, explica.
Esta bióloga considera necessário apostar numa reorganização efectiva da floresta, onde há espaço para todos.
“Espécies de produção de madeira como o pinheiro e eucalipto são importantes economicamente para as populações e também há espaço para elas”, diz a bióloga, acrescentando que o mais importante é que a “floresta seja bem gerida".
No que toca à vida animal, Ana Rita Martins lembra que os incêndios, por exemplo de Pedrógão Grande ou o de Nisa, em Portas do Rodão, está a afectar o habitat de vários animais, tais como veados, corços, javalis e grifos.
Mais de 122 mil hectares de área ardida
Os incêndios florestais que se registam desde domingo nos distritos de Castelo Branco, Santarém e Portalegre consumiram quase 30 mil hectares, segundo o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS).
O EFFIS, que através de imagens de satélite contabiliza quase em tempo real a área ardida, adianta que arderam, entre 1 de Janeiro e 25 de Julho, 122.220 hectares de floresta em Portugal, sete vezes mais do que a média dos últimos oito anos em período homólogo.
Este sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que apresenta as áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite (com uma resolução espacial de 250 metros), mostra também que um terço da área ardida da União Europeia, até 25 de Julho, se registou em Portugal.