António Costa: "Protesto do Chega ajudou os portugueses a perceberem o que eles são"
25-04-2023 - 17:51
 • Renascença

Primeiro-ministro diz que a "esmagadora maioria respeita e ama a liberdade e a democracia" e que o partido de André Ventura comprovou que "não tem respeito pelas instituições e não se sabe comportar à mesa da democracia".

O primeiro-ministro António Costa acredita que o protesto do Chega na sessão solene do 25 de Abril, durante o discurso de Lula da Silva, não empobreceu a celebração do dia e só "ajudou os portugueses a perceberem o que o Chega é".

"A sessão não foi empobrecida pelo comportamento incivilizado do Chega, só ajudou os portugueses a perceberem o que é o Chega", começou por dizer, em resposta aos jornalistas à entrada do Palacete de Belém.

António Costa acha "sempre engraçado" que se "pegue na menor parte do dia e da representação parlamentar".

"O que vi foi uma esmagadora maioria de pessoas que respeitam e amam a liberdade e a democracia, respeitam as instituições e o chefe de Estado de um país irmão. Uma ultra minoria precisou de fazer barulho para suplantar a falta de representação popular que tem. A esmagadora maioria não se revê. Relevante é o que os outros fizeram", atira.

Questionado sobre se o protesto teria sido um ato falhado por parte do Chega, António Costa acredita que não porque o partido "foi o que sempre é: não tem respeito pelas instituições e não se sabe comportar à mesa da democracia".

O primeiro-ministro diz que o Chega "não pode invocar amor a Portugal e patriotismo" se não entender "a história e a relação com o Brasil". Costa lamenta ainda o espaço mediático que é concedido ao partido do Chega pelos órgãos de comunicação social.

"Eu nunca votei no Chega, não tenho um canal de televisão, nenhuma rádio e nenhum jornal. Quem lhes dá visibilidade? São vocês ou é o primeiro-ministro? Os senhores [jornalistas] é que lhes dão. Se me permitirem um comentário para me baterem nos próximos dias: dão-lhes mesmo uma atenção desproporcionada ao que representam na nossa vida coletiva", termina.

Os deputados do Chega estiveram de pé durante o discurso de Lula da Silva, com cartazes onde se liam as frases: "chega de corrupção" e "lugar de ladrão é na prisão", para além de segurarem bandeiras da Ucrânia.

Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, acusou os deputados do Chega de "falta de educação" por protestarem o discurso: "Os deputados que quiserem manter-se na sala têm de manter a cortesia, urbanidade e educação que é exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições e colocarem vergonha no nome de Portugal".

À saída do parlamento, depois do seu discurso, Lula da Silva considerou o protesto do Chega de ridículo, mas encara a situação com naturalidade.

"Meia dúzia de pessoas protestaram, é a coisa mais natural da democracia, mas às vezes lamento que quando as pessoas não têm uma coisa boa para fazerem, fazem estas cenas ridículas. Não sei como vão chegar a casa, olhar para os filhos e para os pais e falar que vieram fazer isso à assembleia participar num evento de homenagem à revoluçao dos cravos", disse aos jornalistas, antes de concluir.