O ex-banqueiro José Maria Ricciardi deveria ter sido ouvido esta terça-feira à tarde no arranque da instrução do caso BES/GES, mas a sua inquirição foi adiada sem data marcada.
Ricciardi, convocado como testemunha de acusação, entrou no Campus de Justiça, em Lisboa, para sair logo depois sem ser ouvido.
O primo de Ricardo Salgado fez questão de sublinhar aos jornalistas que “era minha obrigação reportar” o que sabia, reafirmando que pretende dizer tudo o que se recorda, ao juiz Ivo Rosa.
“Como está devidamente comprovado, havia um conjunto de factos importantíssimos que foram ocultados. Havia pessoas que sabiam e outras que não sabiam. Umas reportaram às autoridades e outras não. Com conhecimento desses factos e enquanto administrador, era minha obrigação reportar”, afirmou à saída do tribunal.
Solidário com os lesados do BES, Ricciardi manifestou ainda a vontade de fundar um novo banco, reconhecendo que “é muito difícil”, para assim conseguir indemniza-los.
“Vou tentar fazê-lo com dois objetivos. Um, limpar o nome que foi destruído, de uma instituição com 150 anos e que fez estes senhores investirem. O segundo objetivo, se eu conseguir e tiver algum sucesso, seria ajudar a ressarcir uma parte do que estes senhores perderam”.
Interpelado pelo grupo de lesados do BES que o esperavam à entrada do Campus de Justiça, o banqueiro confirmou também que existe uma provisão de mais de um milhão e 800 mil euros para compensar quem perdeu o dinheiro.
“Eu fui testemunha viva que se fez uma provisão, absolutamente integral, para vos pagar na totalidade aquilo que vos era devido e que resultou na confiança que depositaram no nome que foi destruído”, afiançou José Maria Ricciardi.
Aos manifestantes que hoje estiveram no inicio do processo de instrução do BES, o ex-banqueiro considerou “muito triste” a situação que estão a viver, reconhecendo que, “infelizmente, a justiça não é célere”, não tendo até agora “resolvido o vosso problema” que devia ser “prioritário”.