Trump não antevê um bom relacionamento com Cameron se for eleito Presidente
16-05-2016 - 12:36

Numa entrevista a um canal britânico, o candidato republicano à Casa Branca queixa-se de como tem sido tratado pelo primeiro-ministro britânico e pelo novo presidente da Câmara de Londres e distancia-se de Obama na posição sobre o eventual Brexit.

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O provável candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump, diz que provavelmente não terá uma boa relação com o actual primeiro-ministro britânico, David Cameron, se for eleito Presidente.

“Parece que não vamos ter um relacionamento muito bom, mas quem sabe”, afirmou o multimilionário norte-americano numa entrevista ao canal britânico ITV, emitida esta segunda-feira.

“Espero ter um bom relacionamento, mas parece-me que ele não está muito interessado em resolver o problema”, acrescentou, depois de, numa entrevista anterior, ter afirmado que não estava interessado nos comentários de David Cameron.

Na entrevista à ITV, Donald Trump reafirmou os seus agumentos. “Temos um enorme problema com o terrorismo radical. O mundo está a explodir e não são as pessoas da Suécia que estão a resolver os danos. Por isso, temos um problema”.

A dúvida sobre uma eventual futura relação diplomática com Cameron surge depois dos comentários do primeiro-ministro britânico à ideia de Trump de proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos temporariamente.

Numa intervenção no Parlamento britânico, David Cameron considerou a proposta do candidato republicano “divisionista, estúpida e errada” e sugeriu a seguir que também o multimilionário não seria bem-vindo no Reino Unido.

Os Estados Unidos são o maior aliado do Reino Unido e as suas boas relações são realçadas pelos actuais líderes de ambos os países (Cameron e Obama), sempre que têm oportunidade.

No início do mês, David Cameron recusou retractar-se pelos seus comentários, mas afirmou que Donald Trump merecia respeito pelo caminho que tem feito nas primárias norte-americanas. O multimilionário é actualmente o único candidato republicano em campo, devendo, por isso, ser quem vai defrontar nas urnas, em Novembro, o candidato democrata (Hillary Clinton ou Bernie Sanders).

Cameron reafirma. Proposta de Trump é “divisionista, estúpida e errada”

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reagiu à entrevista de Donald Trump à ITV, afirmando que mantém a sua posição sobre a proibição temporária de entrada de muçulmanos nos Estados Unidos: é “divisionista, estúpida e errada”.

A reacção do chefe do Governo britânico chegou através do seu porta-voz: “O primeiro-ministro manifestou, de modo muito claro, o seu ponto de vista sobre a proposta de Donald Trump, da qual discorda. Continua a acreditar que impedir muçulmanos de entrar nos Estados Unidos é divisionista, estúpido e errado”.

Questionado sobre quem Cameron preferia que ocupasse a Casa Branca a partir de Novembro, o porta-voz lembrou apenas que o primeiro-ministro britânico já afirmou que trabalharia com quem quer que venha a ocupar a Casa Branca.

“Está comprometido a manter as boas relações”, sublinhou, adiantando que, não estando previsto qualquer encontro com o candidato republicano, Cameron estaria aberto a considerar a hipótese, caso houvesse algum pedido nesse sentido.

Sadiq Khan, o muçulmano com direito a excepção
Mas não é só das relações com o primeiro-ministro britânico que Trump duvida. O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, a quem o multimilionário tinha desejado felicidades na altura da eleição, ofendeu o republicano ao afirmar que era ignorante sobre o Islão.

“Ele não me conhece, nunca se encontrou comigo e não sabe nada de mim. Penso que são declarações muito rudes. Francamente, digo-lhe que me vou lembrar dessas declarações. São muito desagradáveis e é ignorante da sua parte afirmá-las”, afirmou Donald Trump na entrevista a Piers Morgan.

Quando Sadiq Khan – o primeiro muçulmano presidente da Câmara de Londres – foi eleito, o empresário candidato afirmou ao “New York Times” que poderia abrir uma excepção à proibição de entrada de muçulmanos, se Khan quisesse visitar os Estados Unidos.

Na semana passada, o autarca convidou Trump a visitar Londres com o objectivo de o “educar” sobre o Islão.

“Sugerir que é incompatível ser muçulmano e ocidental é, na minha opinião, muito muito arriscado”, justificou Sadiq Khan numa entrevista.

Brexit? É como quiserem, diz Trump

Questionado sobre a continuação do Reino Unido na União Europeia, Trump diz que não fará diferença para si, enquanto Presidente.

“Já tive ocasião de lidar com a União Europeia. É muito muito burocrática, muito muito difícil. No que respeita à Grã-Bretanha, digo: ‘para que é que precisam disso?’ Mas vamos deixar as pessoas decidirem”, respondeu à ITV.

No mês passado, na visita que efectuou ao Reino Unido, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse aos britânicos que, se escolherem sair da União no referendo de 23 de Junho, passariam a estar no final da fila no que toca às relações comerciais com os Estados Unidos.

“Vou tratar toda a gente de maneira justa, mas não me fará qualquer diferença se fizerem parte da União Europeia ou não. Uma coisa é certa: não ficarão no final da fila, posso garantir-vos”, afirmou Donald Trump na entrevista a Piers Morgan.