O Governo deve esperar mais um ano para vender a TAP. É a opinião de João Duque, comentador Renascença, ao olhar para o lucro histórico da companhia aérea em 2023.
A TAP alcançou no ano passado o maior resultado líquido de sempre, com um lucro de 177,3 milhões de euros, enquanto as receitas ultrapassaram pela primeira vez os 4.000 milhões de euros, anunciou a empresa.
No seu espaço de opinião no programa "As Três da Manhã", o economista João Duque considera que "não há vantagem em vender já a TAP".
"Daria mais substância a quem vai comprar ter três anos de lucros consecutivos. Valoriza a empresa. Vender em cima de números negativos desvaloriza. Se eu fosse o dono exclusivo da TAP e colocando isto na minha algibeira, se eu não precisasse urgentemente do dinheiro - que é o caso da República Portuguesa -, venderia pelo menos com mais um ano de contas consolidadas. Três anos sucessivos de lucros seria histórico", considera.
As receitas operacionais da TAP atingiram também o valor mais alto de sempre da história do Grupo, atingindo um valor de 4,2 mil milhões, uma subida de 730 milhões (+20,9%) face a 2022. Os custos operacionais recorrentes ascenderam a 3.829,0 milhões, aumentando em 18,3% quando comparado com o valor de 2022.
"Parece que a TAP não está a dar problemas de equilíbrio económico, finalmente. Mas claro que os lucros não tomam em conta os esforço financeiro que os portugueses, como acionistas, retiram daqui. Muito provavelmente, não haverá distribuição de resultados", explica João Duque.
João Duque aponta ainda para alguns detalhes negativos do comunicado da TAP: "Os aspetos positivos são valorizados de uma forma e os negativos são escritos de outra forma".
"É uma referência positiva quando se diz que a TAP cresceu em percentagem em relação ao ano anterior. Mas depois quando se compara com 2019, já não se usa a expressão certa, que seria decresceu. A TAP decresceu em voos efetuados e passageiros transportados, quando a população transportada aumentou. Ou seja, a TAP perdeu importância", conclui.
Em setembro do ano passado, o ministro das Finanças demissionário, Fernando Medina, anunciou que o Governo vai vender, pelo menos, 51% da companhia aérea.