O Papa Francisco recebeu esta quarta-feira, no Vaticano, “os frutos mais significativos da sessão extraordinária de escuta sinodal” realizada pela Santa Sé com pessoas com deficiência.
“Nós agradecemos-lhe porque o Sínodo deu-nos a oportunidade de tornar a Igreja ainda mais inclusiva”, disse um dos participantes quando entregaram a síntese, no fim da audiência geral que decorreu na Praça de São Pedro.
Num comunicado, enviado à Agência ECCLESIA, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, da Santa Sé, acrescenta que Francisco respondeu: “Sou eu quem vos agradeço! Por favor, continue a rezar por mim”.
O Sínodo 2021-2023 foi convocado pelo Papa e começou com uma etapa local, nas várias dioceses e movimentos católicos, que resultaram num relatório nacional, enviado para o Vaticano; a segunda fase é a chamada “etapa continental”, que vai produzir nova reflexão, antes do encontro mundial presidido pelo Papa, em outubro do próximo ano.
O organismo da Santa Sé explica que o caminho sinodal se revelou “um momento particularmente propício” para responder ao pedido fundamental que os fiéis com deficiência fazem à vida da Igreja: “A plena inclusão na vida do povo de Deus”.
Segundo o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, para esta inclusão, é preciso dar passos concretos, a começar por uma mudança de mentalidade que leve a dizer “nós, não eles”, e reconhecer, como fez recentemente o Papa, que existe um “magistério da fragilidade”.
Neste sentido, indica também que é necessário trabalhar para que as comunidades eclesiais se tornem acessíveis, e promover a “remoção de barreiras arquitetónicas” e bem como a participação de pessoas com deficiência sensorial ou cognitiva, e lembrar que “ninguém pode recusar os sacramentos a pessoas com deficiência”.
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida explica que convidou alguns fiéis para “participarem ativamente no caminho sinodal”, trazendo a sua contribuição através de “um diálogo aberto com a Santa Sé”.
Na consulta sinodal, intitulada ‘A Igreja é a nossa casa’, participaram pessoas dos cinco continentes, em representação de conferências episcopais e associações internacionais que, em muitos casos, já tinham participado nas consultas sinodais a nível diocesano.
Depois de um encontro online, foram convidados a enviar um texto, começando com a questão fundamental do Sínodo sobre a sinodalidade, e uma equipa representativa de todos os participantes reuniu agora em Roma, para entregar a síntese dos trabalhos à Secretaria-Geral do Sínodo.
Segundo o comunicado, o caminho sinodal foi também “uma oportunidade” para que os fiéis portadores de deficiência “pudessem compreender mais profundamente” que, para viver em plenitude a sua vida, é necessário considerarem-se também chamadas “a doar-se aos outros”.
“Não podemos limitar-nos a lutar por justiça e inclusão para nós próprios”, refere.
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida assinala também que esta iniciativa nasceu no contexto de uma reflexão sobre a inclusão das pessoas com deficiência e a sua plena participação na vida da Igreja, iniciada há cerca de dois anos.