Imigração vai ser “tema central” no novo Parlamento Europeu
26-06-2024 - 13:33
 • Hugo Monteiro

A investigadora Mariana Carmo Duarte lembra que os partidos de direita mais radical “tendem a politizar determinados assuntos”. Com uma maior presença destes partidos no novo Parlamento Europeu, temas como a imigração e, em menor escala, as alterações climáticas, deverão dominar a agenda dos eurodeputados agora eleitos.

“A questão das migrações será, certamente, um tema central nos próximos anos” na política europeia. A convição é da investigadora Mariana Carmo Duarte que, em entrevista ao podcast Radar Europa, da Renascença e da Euranet Plus, defende que o assunto deverá ser central os trabalhos do novo Parlamento Europeu, depois da subida dos partidos de direita nas últimas eleições europeias.

A especialista do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa diz que os partidos da direita radical “tendem a politizar determinados assuntos e, neste caso, têm feito uma campanha anti-imigração”, daí que "este será um tema que, sem dúvida, poderá ser trazido para o novo Parlamento Europeu”.

Outro dos temas que deverá dominar a agenda do novo Parlamento Europeu será o das alterações climáticas, com a oposição entre “forças de esquerda e forças direitas” relativamente ao assunto.

Mariana Carmo Duarte defende ser “importante perceber a forma como esta tendência” de crescimento da direita radical no Parlamento Europeu, "pode, de facto, influenciar a política europeia”, uma vez que estes partidos “têm agora peso e uma voz ativa”.

A investigadora, que se dedica a estudar a politização no espaço europeu, lembra que, apesar destes partidos radicais estarem espalhados por diferentes famílias políticas no Parlamento Europeu, "poderá haver interesse em conseguir consensos” em algumas matérias.

Numa análise aos resultados e à taxa de participação nas Europeias, Mariana Carmo Duarte diz que, "o facto de serem consideradas eleições menos relevantes, faz com que haja padrões de voto um tanto ou quanto atípicos. Normalmente, estas são eleições em que os eleitores tendem a votar para penalizar os governos dos respetivos países - o que em Portugal não foi o caso -, mas são também, ao mesmo tempo, eleições que promovem um voto mais apaixonado”.

A investigadora explica que, “as pessoas tendem a votar no partido com o qual mais se identificam e esse pode ser um partido no qual não votam para eleições legislativas, porque sentem que nunca será eleito”. “Há, também, uma outra dinâmica que é o voto de protesto”, ou seja, os eleitores “tendem a votar em partidos mais antissistema ou partidos menos pertencentes ao centro”.

O Radar Europa é um podcast Renascença, em parceria com a Euranet Plus – a rede europeia de rádios.