A líder demissionária do CDS, Assunção Cristas, fez esta sexta-feira o seu discurso de despedida do parlamento no encerramento do Orçamento do Estado de 2020, em que defendeu que o partido deve continuar a "construir" uma alternativa à direita
"Porque em democracia há sempre alternativa, se não é para hoje, é para amanhã", disse Assunção Cristas, na sua última intervenção no plenário da Assembleia da República antes de deixar o cargo, dentro de 15 dias no congresso, em Aveiro, que vai eleger o seu sucessor.
Para Cristas, "é dever do CDS dizer a verdade às pessoas", "é dever do CDS não baixar os braços" e "fazer renovadamente o trabalho de construção de uma alternativa".
Dez anos depois de ter entrado na Assembleia da República como deputada dos centristas, recordou que a sua intervenção foi "precisamente na área do Orçamento e das Finanças".
"O que ouvi então, infelizmente, é bastante semelhante ao que ouvi ontem. O que aconteceu a seguir é conhecido", afirmou a líder centrista demissionária, quando o Governo era já liderado pelo PS e por António Costa, depois de criticar a proposta do Orçamento para este ano.
Para o futuro, Cristas, que vai manter-se como vereadora do CDS na câmara de Lisboa, prometeu continuar "a acreditar na força criadora das pessoas".
"Continuo a acreditar que temos um país maravilhoso com pessoas extraordinárias, que com o enquadramento certo, com a ajuda certa -- que muitas vezes é simplesmente a não desajuda por parte do Estado -- podemos construir um país" liderante em vários domínios e verdadeiramente sustentável em todas as suas dimensões", disse.
Após as eleições de 06 de outubro, em que o CDS perdeu 13 deputados, ficando com apenas cinco, e 4,2% dos votos, Assunção Cristas anunciou que deixaria a liderança do partido no congresso, entretanto marcado para 25 e 26 de janeiro, em Aveiro.
Antes de dar a palavra a Assunção Cristas, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, saudou a deputada centrista, antes da sua última intervenção, e desejou-lhe "as melhores felicidades para o futuro", apesar de "alguns debates tensos" no passado recente entre os dois.
Já fora do discurso escrito, distribuído aos jornalistas, a deputada centrista, que recebeu palmas das bancadas do PS para a direita, afirmou o seu orgulho de ter desempenhado "a mais nobre função" em democracia, de "representar os cidadãos" no parlamento.
E recordou que os Governos "respondem" dependem "sempre, sempre" da Assembleia da República.