O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse este sábado no Porto que no segundo semestre deste ano o sistema de aquisição, em farmácias, de medicamentos que até agora eram fornecidos apenas nos hospitais, nomeadamente oncológicos, estará generalizado.
"Já testamos o modelo de forma a garantirmos que há total segurança clínica em que esse medicamento seja distribuído próximo do sítio onde as pessoas moram, dependendo da vontade delas. Isto está a ser trabalhado do ponto de vista técnico, nomeadamente com a Ordem dos Farmacêuticos e com a Associação Nacional de Farmácias", esclareceu o ministro.
Pizarro disse estar "seguro" de que "no segundo semestre deste ano, na parte final deste ano, o sistema estará generalizado com o benefício muito grande para a vida das pessoas".
Entre "150 mil a 200 mil portugueses" têm de se deslocar uma vez por mês ao hospital para receber medicamentos, destinados a doenças mais complexas - como doenças oncológicas, doenças autoimunes e certas infeções, como o VIH SIDA - que são fornecidos gratuitamente pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e "muitas dessas pessoas fazem centenas de quilómetros para levantar o medicamento", referiu.
O ministro disse ainda que há "pequenas adaptações a fazer, nomeadamente ao nível dos circuitos informáticos". "Temos de garantir que os medicamentos chegam às pessoas e que não há falhas no abastecimento, embora o abastecimento seja da responsabilidade do SNS".
"Estamos, no fundo, a entregar de uma forma diferente aquilo que já entregávamos, em vez de obrigarmos as pessoas a fazer em alguns casos dezenas ou centenas de quilómetros para ir ao hospital, estamos a colocar o medicamente na farmácia à escolha da pessoa o mais próximo possível de sua casa", frisou.
O ministro da Saúde falava aos jornalistas após participar na conferência para assinalar 40.º aniversário da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), que este sábado se realizou no Palácio da Bolsa, no Porto.
Manuel Pizarro lembrou que nos últimos três anos começaram a sua formação nesta especialidade mais de 500 jovens médicos.
"A condição principal é formar os médicos suficientes para nos aproximarmos do objetivo de dar a cada português uma equipa de medicina familiar, a segunda condição é criarmos condições para que esses médicos sejam atraídos para ficar no SNS", disse o ministro.
O governante acrescentou que, "no atual concurso, dos 307 médicos que acabaram a especialidade no continente 278 - um pouco mais de 90% - ficaram no SNS e ainda houve 36 médicos que não estando no SNS vieram ao concurso e ficaram".
"É um trabalho que temos de continuar a fazer com persistência, temos agora de abrir novas fases deste concurso para tentarmos conseguir que mais algumas dezenas de médicos que estão fora do sistema venham para o SNS", sublinhou.
Pizarro defendeu ainda a criação de modelos alternativos temporários de prestação de cuidados "para que a realidade no SNS não seja uma realidade boa para quem tem médico de família e ausência de cuidado para quem não tem". .
"Tem de haver modelos alternativos que vamos desenvolver nos próximos meses", acrescentou.
"Se todos os concursos nos últimos anos tivessem corrido como este ano, com uma taxa de retenção superior a 80% em geral e superior a 90% para os recém-especialistas teríamos a situação bastante melhor do que temos atualmente", considerou.