O Papa Francisco publicou este domingo uma Exortação Apostólica dedicada à sua santa preferida, Teresa de Lisieux, também conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.
O documento, intitulado “C'est la confiance”, parte de uma frase escrita pela jovem carmelita francesa em 1896: “É a confiança e nada mais do que a confiança que deve conduzir-nos ao Amor." Para Francisco, estas palavras "sintetizam a genialidade da sua espiritualidade e seriam suficientes para justificar o facto de ela ter sido declarada Doutora da Igreja”.
Esta Exortação Apostólica coincide com os 150 anos do nascimento desta santa francesa que entrou muito jovem para um convento carmelita e dedicou a vida a proclamar o amor infinito de Deus e a viver o encontro com Cristo na abertura aos outros. "No Coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor!", escreveu Teresinha, que morreu com apenas 24 anos e viria a ser proclamada padroeira das missões.
Francisco sublinha que a jovem santa entrou no Carmelo "para salvar as almas” e cita alguns dos seus escritos revelam a sua alma missionária: "Estou certa de que quanto mais o fogo do amor abrasar o meu coração, tanto mais (...) as almas que se aproximarem de mim (pobre pedacito de ferro inútil, se me afastasse do braseiro divino), correrão, ligeiras, ao odor dos perfumes do seu Bem-amado, pois uma alma abrasada de amor não pode ficar inativa".
A vida espiritual da jovem carmelita não foi isenta de provações e lutas, particularmente no último período de sua vida, quando experimentou a grande "provação contra a fé". Naquela época, o ateísmo moderno em grande expansão leva-a a “sentir-se irmã dos ateus” e a interceder e oferecer a vida por eles, renovando o seu ato de fé.
“Ela acredita na infinita misericórdia de Deus e na vitória definitiva de Jesus sobre o mal: a sua confiança obtém a graça da conversão na forca de um assassino múltiplo”, escreve o Papa. "Esta é uma das descobertas mais importantes de Teresinha", considera Francisco, "um dos maiores contributos que prestou a todo o Povo de Deus. De modo extraordinário, penetrou nas profundezas da misericórdia divina e, de lá, retirou a luz da sua ilimitada esperança"
O Papa que, por diversas vezes, afirmou ter Teresinha do Menino Jesus como a sua santa preferida, escreve: "É a confiança que nos conduz ao Amor e assim nos liberta do temor; é a confiança que nos ajuda a desviar o olhar de nós mesmos; é a confiança que nos permite colocar nas mãos de Deus aquilo que só Ele pode fazer. Isto deixa-nos uma imensa torrente de amor e de energias disponíveis para procurar o bem dos irmãos”. E acrescenta: "Em última análise, só o amora conta”.
Por isso, "o contributo específico que Teresinha nos oferece como Santa e como Doutora da Igreja, é levar-nos ao centro, àquilo que é essencial”. E, dirigindo-se aos teólogos, aos moralistas e aos estudiosos da espiritualidade conclui: "temos ainda necessidade de acolher esta intuição genial de Teresinha e tirar as devidas consequências teóricas e práticas, doutrinais e pastorais, pessoais e comunitárias. São precisas audácia e liberdade interior para o poder fazer”.